Vivemos nos tempos modernos, numa aldeia global. Interdependemos uns dos outros em todos os setores que fazem um país caminhar, prover recursos, estabelecer metas, sobreviver. E o que acontece lá do outro lado do mundo tem seu impacto aqui perto de nós. Não bastando o que estamos sofrendo, vendo nossos irmãos nessa guerra cruel da Rússia contra a Ucrânia, com seu país destruído, o abandono forçado dos lares e a morte de familiares e amigos, toca-nos ainda os reflexos dos bloqueios econômicos que estão trazendo para nós os piores cenários de nossos dramas sociais.

Não nos chegam insumos para a pecuária, a agricultura, a indústria. Nossa energia também sofre, bem como os combustíveis em constantes altas, o que afeta transportes e serviços. Desemprego, fome, crimes e corrupção não param de crescer.

Nosso país tem sido palco de crimes ambientais terríveis, contrabando de nossas riquezas naturais, exploração da Amazônia e, agora, o covarde assassinato de Bruno e Dom, um defendendo a população indígena e o outro estudando e escrevendo um livro-documentário sobre a vida na Amazônia, que ambos amavam de paixão.

Novamente, em manchetes da imprensa internacional, nosso Brasil aparece como um vilão que não sabe ou não quer proteger a vida e o bem-estar de seu povo. Que não respeita as reservas dos indígenas e não provê a Funai de recursos suficientes para supervisionar florestas e rios e terminar com as atividades ilegais de gangues que expulsam ou matam indígenas para tomarem conta de suas terras.

E o crime organizado no país descobre novos meios de roubar e matar, usando astúcia, ameaças, extorsões. Mulheres e crianças têm sido as principais vítimas de latrocínios, feminicídios, balas perdidas. E os jovens também. As ruas se enchem de cidadãos sem-teto, que fazem malabarismos nas esquinas ou aplicam golpes nos incautos. Que mundo é esse, meu Deus, com tanta maldade!

Pandemias e retorno de doenças que já tinham sido erradicadas. A dengue e outras moléstias transmitidas por mosquitos disputam com a Covid-19 o primeiro lugar no número de vítimas. Culpar a quem? Ao destino ou à incompetência dos responsáveis pelo bem-estar dos cidadãos? Quando a mediocridade toma conta dos mais altos cargos de nosso governo? E as escolhas são feitas não pela competência e conhecimento do Ministério, Secretaria e Estatal que vai comandar, mas pelos interesses eleitoreiros e de lucros de quem os nomeia.

É este o momento que estamos vivendo. Perplexos, mas não derrotados. Ainda cremos que o amor pode vencer o mal. Ainda que ele teime em espalhar-se na sociedade, nas famílias, nos locais de trabalho, no país. Nosso Gigante vai levantar-se de seu berço esplêndido pelo esforço dos bons, que creem na virtude do trabalho honrado e nas tradições familiares de união e de paz transmitidas pela educação que nos formou.