Em 17 de junho de 1892, apoiado pelo Presidente Floriano Peixoto, Júlio de Castilhos derrubou o Presidente do Estado, o General José Antônio Correa da Câmara. Era o fim de um período da História riograndense que o jornal A Federação batizou, desprezivelmente, de “O Governicho”.

Descontentes, muitos moradores da fronteira do Rio Grande do Sul levantaram em armas. Outros milhares atravessaram a fronteira e se refugiaram na região de Melo, em território uruguaio.

Lá, os gaúchos brasileiros se organizaram num grande exército, comandado pelos irmãos Aparício e Gomersindo Saraiva. Em 2 de fevereiro de 1893, os irmãos Saraiva, entraram no Rio Grande do Sul vindos do Uruguai, passando pela Serra de Aceguá, na fronteira, à frente de milhares de cavaleiros, e juntaram-se aos homens do general João Nunes da Silva Tavares, conhecido como Joca Tavares, o Barão de Itaqui. Estes homens formaram o Exército Liberal e se identificavam pelo uso do lenço vermelho. Eles entraram para História como “Os Maragatos”.

E, eficientemente, os Maragatos atacaram e dominaram as cidades da fronteira, desestabilizando as forças castilhistas – os Pica paus ou Chimangos ‒ na região, e exigindo a deposição de Júlio de Castilhos

Caçapava foi tomada pelo Exército Liberal em 17 de fevereiro de 1893, após um violento combate que ocorreu a sul da cidade.

Na semana que vem, transcreveremos a carta do chefe Federalista Laurentino Pinto Filho, líder Maragato que bateu as forças legalistas comandadas pelo Coronel Romão Xavier Mariano, que acabou morto no combate. O interessante deste documento é o visível desconforto do comandante Maragato com a morte de Romão – possivelmente, eram conhecidos ou vizinhos – e a violência da refrega, que termina de forma brutal, num combate singular, corpo a corpo com coronhadas, espadas e lanças.

O texto foi extraído do “O Democrata”, diário liberal do Pará, nº 71, de 28 de março de 1893, um dos jornais de oposição ao Governo Floriano Peixoto.

Esta documentação chegou à Casa de Cultura Juarez Teixeira através de uma parceria com o Arquivo Histórico Municipal Nicolau Silveira Abrão, de Caçapava do Sul, que disponibilizou cópias digitalizadas deste importante documento.

O texto será transcrito conforme grafia original.