“O que você faria se um de seus móveis de repente deslizasse pelo piso por conta própria, bem diante de seus olhos? Pense por um instante e seja honesto consigo mesmo. O que você realmente faria?”

Assim começa o prefácio de 1977: Enfield, escrito por Guy Lyon Playfair e que traz relatos sobre o caso de poltergeist acontecido entre 1977 e 1978 em Enfield, na zona norte de Londres. O próprio autor, acompanhado de Maurice Grosse, investigou o caso e presenciou várias das manifestações.

Mas, antes de falar da obra, cabe uma explicação – dentro do possível – sobre poltergeists. A verdade é que ninguém sabe exatamente o que eles são, de modo que se entende “poltergeist” como um fenômeno sobrenatural. Ele pode se manifestar, por exemplo, com móveis se movimentando sozinhos – como na citação do primeiro parágrafo –, com objetos sendo arremessados de ninguém sabe onde (no caso relatado no livro, bolinhas de gude e peças de Lego simplesmente passavam voando próximas à cabeça das pessoas) e com vozes que não é possível determinar com certeza a fonte.

Em 1977: Enfield, tudo começa com duas crianças ouvindo barulhos que parecem vir do piso do quarto em que estão. Quando a mãe deles vai até lá para ver o que está acontecendo, também ouve o barulho, seguido de batidas na parede compartilhada com a casa ao lado e de uma cômoda se movendo sozinha. Eles pedem ajuda aos vizinhos, que vão até a casa da família e também ouvem as batidas. A polícia é chamada, e os policiais puderam não só ouvir os barulhos, como ver uma cadeira se mover sem que a tocassem. Mas ninguém sabia o que fazer. Uma vizinha, então, decidiu ligar para o jornal Daily Mirror, que enviou repórteres para averiguar a veracidade do caso. Foi um desses repórteres que levantou a hipótese de se tratar de um poltergeist e chamou a Sociedade de Pesquisas Psíquicas, que iniciou a investigação.

O título desta coluna não é criação minha, mas sim de um dos repórteres do Daily Mirror. Segundo o autor de 1977: Enfield, “A casa dos acontecimentos estranhos” foi a manchete do jornal em 10 de setembro de 1977, quando o caso de Enfield foi destaque na primeira página. Reproduzo a manchete aqui, pois não vejo forma mais adequada de resumir o que aconteceu, levando em consideração que até dos padrões de poltergeist este caso foge. Playfair explica na obra que, em média, um caso desses dura até oito semanas; em Enfield, durou mais de um ano!

 

Referência:

PLAYFAIR, Guy Lyon. 1977: Enfield. Tradução de Giovanna Louise Libralon. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2017. 288p.