Neste final do ano da graça de 2021, o da vacinação contra o CORONA, ano especial por carregar tantas esperanças boas para a humanidade em geral e por permitir a volta da quase normalidade, comemorei outros acontecimentos de menor teor, mas de imenso significado.

Bem no cedo, no início de novembro, colhi cerejas maduras, doces e saborosas, de uma muda que ganhei em São Gabriel; depois, vieram os pêssegos brancos meio aguados, mas abundantes, para relembrar as estripulias de guri, quando havia disputas debaixo dos pessegueiros para ver quem conseguia comer mais de uma pegada só, com casca e tudo; logo, pelo início de dezembro, maduraram as pitangas vermelhas, que sempre me recordam o Dia de Finados, quando abandonava o meu pai acendendo velas para os antepassados nos túmulos da família lá fora e me ia para beira do mato em busca das pitangueiras, comer aquelas frutinhas que confirmavam a chegada  das férias de verão, quando um guri de campanha retorna para o seu habitat depois de quase um ano na cidade; os figos já estão grandes, dando para fazer os doces para comer no inverno, com ambrosia, biscoito e café preto; e, depois, daqui uns trinta dias, virão os araçás vermelhos até para alguns que caminham pela avenida e podem apanhar direto na rua defronte da casa. Ah, e as nectarinas também, já roídas pelos periquitos.

Plantar e colher é uma satisfação apenas para quem sabe o valor de plantar e alcançar em vida a produção do seu plantio. É como se as frutas e as verduras fossem um pedaço da gente. Um ramo que se multiplica e, produzindo, agradece pela oportunidade que recebeu como dádiva da natureza. E, com as frutas, chegam também os passarinhos que, durante o inverno, desaparecem para não sei bem onde, e que com a primavera vêm em busca dos seus alimentos naturais. E cantam e constroem seus ninhos no final da primavera.

Então, dezembro nos proporciona tudo isso e muito mais, pois carrega consigo a magia das festas de Natal e Ano Novo, assim como um sorriso largo da vida a nos convencer que estamos vivos de verdade, rodeados de amigos, de filhos, de netos e de esperança para dias melhores, que sempre acreditamos que existam, embora, por muitas vezes, sejamos desenganados pelos acontecimentos que não desejamos.

A nossa vida parece ser assim como uma colheita de final de ano, safra de verão. Por vezes, plantamos mal, e a nossa colheita se frustra. Aí, normalmente, colocamos as culpas nos outros ou nos fatores adversos que nos rodeiam. Mas, quando colhemos fartura e realizações materiais de riqueza, muitas vezes, nem agradecemos aos fatores favoráveis de tempo e vida, achamos que somos iluminados e nunca deveríamos nos preocupar com o fracasso, que é uma frustação de colheita.

Tomara, então, meus amigos leitores, que a lavoura ou o pomar dos sentimentos lhes produza muito bem neste final de ano, que as suas “boas colheitas” desejadas aconteçam, e que seus corações se encham de ternura, solidariedade, amor e fraternidade. Que caiam bênçãos em seus lares, e que as suas famílias confraternizem em busca de paz, conforme os ensinamentos de Cristo.