Esta expressão é comumente utilizada para dizer que o assunto não é da nossa alçada, que não é com a gente, eles que são brancos que se entendam.

Hoje, no entanto, vou lhes contar de uma briga de caninos de verdade, acontecida no penúltimo dia de 2021, aqui no vizinho ao lado de casa, onde apareceu um Pit Bull pacato e inofensivo. (Vide Google: Pit Bull é a abreviação de American Pit Bull Terrier, que é uma raça de cães de porte médio e atléticos, muito amorosos para com seus donos e brincalhões, sendo um ótimo animal de companhia). Ah, tem alguma coisa mais, suas mandíbulas tem a força de um coice de mula, sendo muito utilizados para caçar javalis, porque agarram nas orelhas dos porcos e não afrouxam de jeito nenhum, então, não é aconselhável se meter com eles quando enfurecidos, porque têm pegada forte.

A minha vizinha da frente gosta muito de animais e costuma acudir aos cachorros que aparecem sem donos, machucados, famintos que circulam pelas noites. Até colocou um comedouro público, defronte a sua casa, na rua, para alimentar aqueles que resolvem passar por ali e dar umas bocadas, como se fosse um restaurante popular no qual ninguém paga nada e come o quanto quiser.

O meu cachorro, aquele que tem medo de trovoada, apesar de ter ração em casa, vai todos os dias dar um conferida no cardápio da vizinha e aproveita para rosnar com um seu desafeto que anda sempre por ali. Tem mania de se achar o dono do pedaço. Entra e sai do nosso terreno por baixo da tela, e toda vez que um da casa sai de carro, ele confere a abertura do portão e corre até a avenida, latindo, para conferir se o trânsito está desimpedido. Há alguns anos passados, ficou um ano desaparecido e o encontramos residindo lá pelas cercanias da Estação Rodoviária. Antes, caminhava comigo pela Santos Dumont, mas, de uns tempos para cá, anda pouco mais de duas quadras e volta faceiro, abanando o rabo pra casa, o preguiçoso. Completará oito anos em março de 2022.

Naquele dia, recebi a visita de um amigo que fazia alguns meses que não via, e ficamos botando a conversa em dia pelas sombras do pátio, quando uma alaúza canina mexeu com nossos ouvidos pelo ineditismo da medonha gritaria. Até os garnisés voaram assustados pelos fundos do galpão. Levei cerca de um minuto para me dar conta que o nosso guaipeca de estimação, que atende pelo nome de Tobby, não se achava por perto.

Corri na direção da origem dos grunhidos, e lá vinha ele, de língua de fora, banhado de sangue e com uma pata dianteira virada para trás, combalido e humilhado. Foi um rebuliço danado até transportá-lo para a veterinária em estado de choque, maleixo.

Pois acreditem que o incauto animal irracional entrou no pátio do vizinho, não se sabe como, e atracou-se com o dito Pit Bull tranquilo, que não incomodava ninguém, vivia quieto no seu canto.

Do rescaldo, sobraram muitos cortes nas mãos do nosso guerreiro burro – mais de vinte pontos – e uma dentada na bochecha do Pit Bull desafiado, que, em resumo, acredito que foi o que livrou o pescoço do cusco dos dentes afiados do adversário.

Já tá recuperado, cheio de cuidados e carinhos, produziu mais uma boa lição para não ser esquecida: nem sempre é bom mexer com quem tá quieto.