Para dar sequência às indicações de obras de terror/horror, escolhi algo mais clássico e voltado àqueles leitores que não têm muito tempo para dedicar a romances. Nesses casos, uma boa pedida são contos, narrativas mais curtas que podemos ler em poucas horas ou até mesmo em poucos minutos.

Contos de horror do século XIX é uma coletânea organizada por Alberto Manguel, escritor argentino que já editou diversas antologias de contos, além de escrever livros de ficção e de não-ficção. Nesta obra, ele reuniu trabalhos de escritores consagrados, como Horácio Quiroga, Edgar Alan Poe, H. G. Wells, Bram Stoker – e por falar nele, Drácula é também uma boa pedida para essa época –, Eça de Queiroz, Arthur Conan Doyle e Robert Louis Stevenson.

Vendo alguns nomes acima, você pode estar pensando “mas como assim século XIX?”. É que, dos 33 contos reunidos por Alberto Manguel neste livro, 12 são dos anos iniciais do século XX – ou não tão iniciais assim. “Os lábios”, de Henry St. Clair Whitehead é de 1929, por exemplo.

Na edição em português publicada no Brasil pela editora Companhia das Letras, foram usadas traduções de escritores brasileiros também consagrados, como Milton Hatoum, Moacyr Scliar e Rubem Fonseca.

Como o espaço é curto para comentar cada conto, selecionei quatro que me chamaram mais a atenção. “O travesseiro de plumas”, de Horácio Quiroga, eu já havia lido quando estava na graduação. Para mim, ele é de tirar o sono e de fazer até o melhor dos travesseiros parecer extremamente desconfortável.

“A família do vurdalak” causa leves descompassos no coração em alguns momentos. No YouTube, há uma adaptação deste conto em vídeo. Vale muito a pena assistir também. (Vurdalak, segundo o texto, é um tipo de vampiro sérvio que suga o sangue dos parentes e amigos mais próximos. Quem for buscar mais informações sobre essa criatura mitológica encontrará algumas variações dessa explicação)

“Os lábios” lida com um horror mais visual. Não espere um grande suspense, nem acontecimentos que assustem. O horror está no não dito, no que os personagens veem e nós leitores só podemos imaginar.

E “A janela vedada” foi o que mais me causou apreensão. Os demais sempre davam uma pista do que poderia acontecer, mas nesse, o leitor fica completamente no escuro.

Antes de cada conto, há uma apresentação sobre eles. Algumas delas são assinadas pelos próprios tradutores ou por Alberto Manguel. Mas cuidado ao lê-las! Algumas contêm spoiler.

 

Referências:

MANGUEL, Alberto (org.). Contos de horror do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. 552p.