Repercutiu enormemente na imprensa mundial um transplante ocorrido nos Estados Unidos, nos primeiros dias de 2022, quando um cidadão portador de doença cardíaca, em estado terminal, recebeu em seu peito o coração de um porco. A novidade é que, desta vez, foram feitas algumas alterações genéticas no doador ainda vivo para evitar rejeições agudas que ocorrem nos primeiros dias depois da cirurgia. O procedimento já havia sido experimentado sem sucesso há algumas décadas. Com a evolução das tecnologias ocorrida nos últimos anos, a experiência da ciência médica americana está alcançando sucesso não imaginado há bem pouco tempo.

Eu, que não sou médico e nem dotado de poderes excepcionais, fico curioso a respeito de alguns dogmas existenciais para um sujeito educado à luz dos ensinamentos ditos cristãos. Não falo nem no tão desqualificado “espírito de porco” que muitos dizem que alguns outros demonstram em sociedade, tentando sempre alterar os fatos em favor próprio, em diversas situações. Acredito que tal característica não poderia vir a ser incubada em um ser humano por meio de cirurgia, nem de tórax e nem de crânio. Até mesmo porque ninguém de fato sabe se os porcos possuem mesmo um tal espírito, assim como acreditamos que os humanos possuam.

Mas e algumas outras particularidades comuns aos suínos, será que poderiam acompanhar o coração, transferindo-se para o transplantado e alterando seu comportamento existencial num mínimo que fosse? Será que o tal cidadão vai sentir vontade de fuçar a terra como se fosse uma herança suína? Será que vai sentir certa atração amorosa pelas leitoas da vizinhança, já que dizem que o amor se aloja no coração das pessoas? Será que aceitaria casar com uma mulher “porca”? Existe, na Austrália, uma porquinha pintora que usa o focinho como se fosse um pincel para pintar telas fora de série e que são vendidas a peso de ouro. Será que um humano equipado com um coração de porco poderia se transformar em pintor brilhante, mesmo antes não possuindo habilidade nenhuma? E, neste caso, pintaria com a boca/nariz ou com as mãos?

Depois de algumas curiosidades pitorescas acerca de fato tão inusitado, eu continuo acreditando na Lei da Evolução das Espécies, que prega que, daqui alguns poucos anos, haverá pessoas com possibilidade de durar em torno de duzentos anos de idade, fruto da evolução da ciência. Não duvidem de vidas prolongadas às custas de corações de porcos, de rins de cangurus, línguas de tamanduás e de estômagos de avestruzes, o que até acho que já existem para alguns a quem nada faz mal.

Tomara esteja em tempo de eu pegar uma fila dessas, nem que seja experimental, desde que possa ficar um século mais na superfície do planeta que tantos tentam destruir e que, um dia, vão acabar conseguindo, mesmo que a ciência evolua e os cientistas mundiais trabalhem em sentido contrário.