
Décima do vacinado

Estão se abrindo as porteiras
Pra “largá” o gado encerrado.
Já deu: potreiro e mangueira,
Pra sorte dos mais delgados.
O pasto verde dos campos
Até parece enfeitiçado
E assim, do jeito de bicho,
O povo foi libertado.
Ainda se usa a biqueira,
Por temor e precaução.
Se gasta muito álcool gel
No oficio de lavar as mãos.
Fechou a tenda “maldita”
Vista como assombração
E uns mais afoitos, bem loucos,
Pela volta de um bailão.
Foi mais de ano gradeados
Por causa da pandemia.
Deu divórcio e separação
Como há muito não se via.
Os netos longe dos avós,
Sem abraços na família
E um gosto amargo na boca
A cada irmão que partia.
O mundo tornou-se aldeia,
Cada qual no seu quadrado.
Faltou trabalho pra muitos,
O comércio prejudicado
Faltou pão nas mesas pobres,
Bancos ficaram fechados.
O álcool gel e a máscara
Tiveram o preço aumentado.
Não teve pobre nem rico
Que se escapasse sem susto.
Pagaram todos cristãos,
Nem sempre o preço foi justo.
A confusão foi geral,
Os gordos perderam o lustro
E as orações renasceram
Nas preces ao “senhor augusto”.
Hoje as ruas já florescem,
Anotei no meu caderno.
Há um princípio de euforia,
Volta o convívio fraterno.
Todo mundo vacinado,
De jeito rápido e moderno.
Sobram loas aos cientistas,
Que acabaram com esse inferno.
Tomara no ano que vem,
Quando haverá eleição.
O povo vote na esperança,
Tome a melhor decisão.
Do corona derrotado
Restará a fama de vilão,
Que a nossa vida prossiga
Sem a grande confusão
E cada um cuide de si
E Deus nos mande a proteção.