Ninguém sabia mesmo, não foi só vocês, para os quais estou revelando este grande segredo agora, na primeira semana de 2022. Pois ganhei e me dei conta de que havia ganhado ainda no dia 30 de dezembro próximo passado, quando assistia ao programa Balanço Geral, da TV Record, logo depois do meio-dia, porquanto a Globo mostrava a desgraceira das enchentes da Bahia e os casos da Ômicron na Europa e nos EUA.

O que vou fazer com os quase R$ 400 milhões? Na verdade, ainda nem pensei direito, acho que vou deixar lá na CEF para que, daqui a noventa dias, eles revertam para o fundo do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil do Ensino Superior), no qual serão muito bem aplicados, em benefício de alguns milhares de jovens que por certo precisam mais do que eu neste momento, para construir carreiras em prol de suas próprias realizações profissionais.

Na verdade, nem apostei na Mega-Sena da Virada, e muito pouco joguei ao longo da vida, com medo de perder o meu rico dinheirinho trocado que sempre carrego no bolso. Eu tinha um colega de farda que dizia que nunca jogara em loteria nenhuma porque acreditava que, se fosse mesmo para ele ganhar, alguém faria uma aposta no seu nome e jogaria o bilhete no pátio da sua casa. Pensando bem, a possibilidade é mais ou menos a mesma. É tão provável ganhar na loteria quanto periga que algum maluco atire um bilhete premiado em nossa porta. Pouco tempo atrás, ainda existia muita gente que acreditava no conto do bilhete premiado, mas os bobos estão escasseando com a informação do povo. Alguns já aprenderam até a votar. Lembrem-se da última eleição em Caçapava.

E por que digo que ganhei na Mega da Virada? Pois lhes explico a minha sorte na vida: cheguei saudável a mais de sete décadas de existência, ainda caminho e corro na Estrada da Aviação, que fui eu mesmo que construí em 1998 e onde construí a casa dos meus sonhos de lida e vida e onde vivo, graças a Deus, em paz contemplativa, cercado de arvoredo, animais domésticos e passarinhos em liberdade; ultrapassei dois anos de pandemia gordo e são de lombo e também tive a sorte de não perder nenhum parente ou amigo íntimo durante este triste período de inseguranças e conflitos sociais; ando meio atrapalhado com os amores, mas isso também não chega a ser calamitoso para um que se considera “desapaixonado”.

Claro que enfrentei derrotas e dissabores durante essa caminhada, mas, nesta quadra da vida, elas já não abalam tão profundamente aquele que se autodenomina “treinado para a guerra”, já que a vida de cada um de nós, nestes tempos conturbados, é mesmo um batalha diária. Quem se mete na guerra sabe que algumas baixas são normais e que o que mais importa mesmo são as vitórias finais, aquelas que provocam assinaturas de tratados de paz entre os contendores. Alguns tropeços sempre acontecem com aqueles que nunca se dão por vencidos, que lutam.

Por isso é que me considero um ganhador, mesmo que tenha apostado muito pouco e que, quando arrisquei na mesa do carteado, tenha corrido pifado, por supuesto. Vamo que vamo, minha gente, porque o ano só mudou de nome, a nossa luta diária continua na mesma rotina e não será nos balcões das casas lotéricas que iremos ganhar os nossos prêmios para melhorar de vida assim tão facilmente. Comemoremos, pois, aqueles que já ganhamos e nem sempre nos demos conta.