Muito se tem falado nessa profissão que não remunera em salários, mas, para as mães de verdade – biológicas ou por adoção –, é a maior glória que podem receber. Para elas, como dizia Cordélia, a personagem de um texto da Seleta, maior nível de escolaridade que as mulheres do tempo de minha mãe podiam cursar, os filhos eram suas joias mais preciosas, e a plenitude de mulher que aspiravam atingir.

Minha mãe deixou a escola antes de chegar lá, pois seu pai, viúvo, considerava que lhe bastava saber ler, fazer contas das despesas do lar, e escrever cartas para os parentes mais chegados. E cozinhar, cuidar da casa e aprender artes domésticas. Entretanto, seus conhecimentos da natureza humana, sentimentos, sonhos ou frustrações eram os de um psicólogo com longos estudos.

Assim, ela nos criou, dando a cada um de nós os cuidados especiais para qualquer situação ou fase de crescimento. Em nossa casa, nunca houve ciúme entre os irmãos. Todos nos sentíamos amados com a mesma intensidade e respeito às nossas particularidades. Ela aceitava meus medos e timidez, mas sempre me guiando para vencê-los. Assim com meus irmãos. Lembro como sofreu junto com uma das minhas manas a grande decepção amorosa de sua vida. O fim de um romance tão lindo!

Os tempos mudaram. As mulheres venceram barreiras e muitas batalhas. Exercem qualquer profissão que antes era considerada exclusiva dos homens. Mas ainda enfrentam muitos desafios. Entre eles, o de ganhar menos que seus colegas masculinos que têm a mesma – ou até menor – formação pelo mesmo tipo de trabalho.

Os lares têm outras configurações. Mães que saem de casa para o trabalho e deixam os filhos com babás, avós ou em creches. Filhos adolescentes que precisam de toda a atenção para não caírem nas garras dos vícios e tentações da vida moderna.

Essas mães são heroínas anônimas, que aproveitam todo o tempo que lhes sobra no lar para dar aos filhos as atenções, o carinho e a presença aconchegante que lhes faltou no dia. E ainda encontram espaço para organizar a casa, cozinhar, fazer quitutes que agradem e os façam sentir que são mimados.

A essas mães que tanto admiro, as minhas saudações neste dia que é seu. Também saúdo às mãezinhas inexperientes, que precisam ser ajudadas. Muitas interrompem seus estudos, o trabalho e a vidinha de jovens para assumirem as novas responsabilidades. Que não lhes faltem pessoas bondosas para acompanhá-las e dividir os encargos, e a nova família venha a ser o lar ideal para viverem felizes.

Louvo também os pais que compartilham com as companheiras as responsabilidades da família. Vejo tantos casais que se ajudam, organizam seu turno de trabalho de modo que sempre que um sai para o trabalho, o outro pode ficar com os filhos. Eles vestem aventais, cozinham, dão banho e trocam fraldas, enfim, parece que a moda dos maridos norte-americanos dos filmes do passado pegou firme entre nós.

Que a vida continue a fluir como as águas de um rio sem corredeiras. Sem atropelos, angústias, pandemia. E que cada um de nós assuma seu papel com responsabilidade e também satisfação.

Maio, mês de Maria, das Mães e das Noivas, e do Dia do Trabalhador, venha com toda a beleza e bênçãos do céu.

Mais vacinas, menos vidas ceifadas, mais notícias animadoras.