Esse é Peter Pan. Eu, como muitas pessoas, já sabia disso por ter visto a animação produzida pela Disney, mas ainda não tinha lido Peter Pan, livro de J.M. Barrie. E essa leitura foi uma experiência tão diferente, que me permitiu ser bem mais crítica sobre algumas coisas.

Na obra, Wendy é a mais velha de três irmãos, filhos do sr. e da sra. Darling. A mãe é uma mulher simples, que se dedica a cuidar da casa. Já o pai é um homem muito preocupado com as aparências, com ser igual aos outros e com o que as pessoas pensam dele.

Apesar dos poucos recursos de que dispunha, a família levava uma vida muito feliz. Até a chegada de Peter. Uma noite, após colocar as crianças para dormir, a sra. Darling pega no sono enquanto costura perto da lareira. Mas um estrondo na janela a acorda: é Peter entrando no quarto. Ao se ver frente a frente com um adulto, ele foge, e a sra. Darling fecha a janela tão rápido que a sombra de Peter fica presa na casa. Alguns dias depois, quando o sr. e a sra. Darling vão a uma festa, Peter volta em busca da sombra e acaba acordando as crianças. Para o desespero dos pais, elas o seguem para a Terra do Nunca.

Peter Pan é um excelente conto de fadas. Achei muito interessante o narrador, que, em certos momentos, parece estar mais refletindo sobre o que ocorre do que simplesmente contando a estória. Porém, fiquei pensando sobre a maneira como homens e mulheres são retratados. Wendy é colocada no papel de mãe das crianças, e Peter é mostrado como pai, repetindo as atitudes do sr. e da sra. Darling. Mas essa representação feita através desses quatro personagens soa como se dissessem que a mulher só serve para cuidar das crianças e do lar, enquanto o pai é mais uma das crianças. Aí você diz “mas Peter é uma criança”. Sim, mas e o sr. Darling? Ambos são extremamente birrentos e mimados. O comportamento de Peter, a gente releva, assim como fazemos com qualquer criança. Mas o sr. Darling é um personagem muito chato e irritante.

 

Referência:

BARRIE, J.M. Peter Pan. Apresentação de Flávia Lins e Silva. Tradução de Julia Romeu. Notas de Thiago Lins. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. 224p.