Volto a escrever sobre ela, a máscara. De novo? Sim, porque acredito que ainda vá fazer parte da nossa indumentária por um longo espaço de tempo, pelo menos até vacinarem uns 70% da população que permanece nas filas prioritárias, esperando que os mimosos dos prefeitos não lhes tomem o lugar, furando filas legítimas. (Aliás, essa priorização é nacional, do Conselho Nacional de Saúde e não deveria ser qualquer mandatário municipal ou mesmo governador que lhe poderia alterar a previsão. Nem em Caçapava, e nem em Piripiri). Escrevo, também, pela antipatia que dispenso a qualquer mania incomodativa que nem ela. Até os famosos, jogadores de futebol, atores e cantores, por exemplo, quando começam a se achar, se bobeando, dizemos que eles são mascarados. Que não são boa bisca, nem flor que se cheire. Botaram máscara, o que não é uma coisa boa.

Penso que o uso da máscara seja parecido com a obrigação religiosa que existe em muitos países islâmicos quanto ao uso da burca ou do véu. Para não “expor a figura”, principalmente das mulheres, que não devem nem mostrar os joelhos. Pesquisei e não descobri o motivo, mas calculo que seja porque o joelho é uma parte do nosso corpo dos mais feios e desinteressantes: enrugados, pelancosos, ressequidos, doentes por dentro quando envelhecemos, e nem para se ajoelhar nos servem mais, pelo desconforto que acarreta aos idosos que ainda rezam nessa posição. Quem é que já se apaixonou pelo joelho de alguém, que mais parece com a cara de uma criança recém-nascida? Que judiaria!?

A máscara, como a burca, esconde a feiura. Disfarça o “nariz de bolota”, o grandalhão, dito de “pitá na chuva”, o protuberante e retorcido, que teima sempre em chegar primeiro aonde o dono pensava em ir. O “nariz de folha”, que vai numa festa sem ser convidado. O “nariz sem cerimônia”, que quer saber dos assuntos dos outros que não lhe dizem respeito e das fofocas dos vizinhos. Tem também o nariz “cheira peido” que é aquele que está sempre no lugar errado, intrometido aonde não foi convidado. E até o “nariz arrebitado” dos almofadinhas perfumados, cheios de encantamentos, feitos pela lâmina dos bisturis caros dos cirurgiões da vaidade humana, metidos a besta.

Concluo, pois, depois de detalhado estudo observatício, que a máscara que serve para disfarçar a falta de dentes, para esconder narizes desajeitados, serve também, como meio de sustento para muita gente boa, que sobrevive nessa crise braba, fabricando esse acessório fundamental para prevenir o Corona, que tanto mal tem feito a pessoas de bem pelo mundo afora. Brincadeiras à parte, muito pior sem elas. Me rendo a sua utilidade e proteção, e prometo, doravante, não falar mais mal das máscaras. Até porque virei um cronista mascarado, pelo menos até o fim da pandemia.