Em 2020, com o início da pandemia, vários eventos presenciais foram adaptados para ocorrer online. Assim, consegui acompanhar o Festival de Literatura Pop (FLIPOP), organizado pela Editora Seguinte. Foi em uma das mesas que conheci a escritora brasileira Iris Figueiredo. Me senti muito identificada com as ideias dela, e então soube que precisava ler seus livros. Comecei por Céu sem estrelas, e é sobre ele que falo hoje.

A obra é narrada pelos dois protagonistas, Cecília e Bernardo, de forma intercalada. No dia do seu aniversário, Cecília é demitida do emprego temporário que tinha em uma livraria, mas não sabe como contar isso aos amigos. Então, como se nada tivesse acontecido, ela sai para comemorar os 18 anos. Ela e Iasmin, sua melhor amiga, bebem demais, e Bernardo, o irmão de Iasmin, é chamado para buscá-las. Cecília nutria uma paixonite por ele desde mais nova, mas a dele por ela começa a surgir nesse dia.

Aí você pensa ‘ah, é só mais um romance para adolescentes’. Mas não. Tem muito mais por trás de tudo isso. Não é só dos amigos que Cecília se sente obrigada a esconder que foi demitida, mas também da mãe, Luciana. A relação delas não está muito boa desde que Cecília descobriu que o padrasto, Paulo, estava traindo a mãe e contou a ela. Paulo acaba indo até a livraria, descobre o que aconteceu e conta a Luciana, que manda a filha embora de casa, com direito a trocar a fechadura para que ela não possa sequer entrar para buscar suas coisas.

Através da história de Cecília e de sua relação com a mãe, o padrasto, Bernardo e os amigos, Iris Figueiredo vai mostrar a importância de dar ouvidos a si mesmo, e não buscar sempre agradar os outros, esquecendo quem se é e ultrapassando os próprios limites. Além disso, há o alerta sobre a necessidade de se procurar ajuda profissional para lidar com os fantasmas que assombram, quando tudo no mundo parece ser apenas nuvens negras, e as estrelas já não brilham nos céus. E ninguém deve se envergonhar disso.

A narrativa de Céu sem estrelas flui super bem. Li 100 páginas de uma só vez, e apenas me obriguei a parar porque não aguentava o frio. Me arrependi de não ter começado mais cedo… É um livro difícil de largar. Sabe quando você fecha o livro, mas a história não sai de você? É isso que acontece. A escrita de Iris Figueiredo é muito boa. Como primeira leitura, foi uma excelente experiência que deixou a vontade de ler mais obras dela.

 

Referência: FIGUEIREDO, Iris. Céu sem estrelas. 1ed. São Paulo: Seguinte, 2018. 360p.