O cacequiense Giovanni Lemos, na categoria Profissional, e o gabrielense Diego Rodrigues, na categoria Revelação, conquistaram o primeiro lugar no 2º Festival da Canção Nativista Autoral Em entrevista à Gazeta, eles falam sobre a trajetória na música, a composição das canções e a participação no Festival

A grande final do 2º Festival da Canção Nativista Autoral ocorreu no domingo, dia 06, e o público pode escolher suas músicas favoritas desta edição. “Pra quando o inverno chegar” (letra de Paulo Ricardo Costa e música de Cícero Goulart da Fontoura) recebeu 814 votos e sagrou-se campeã na categoria Profissional. Já a vencedora da categoria Revelação foi “Gravata Colorada” (letra e música de Diego Rodrigues), com 1.547 votos.

Segundo a organização do Festival, 13.851 pessoas assistiram às apresentações ao vivo pelo Facebook e pelo canal do evento no YouTube. A final também foi transmitida pela rádio Encantadas, de Santana da Boa Vista, e contou com shows de Estrada Fora, Doble Chapa, Lizandro Amaral e Joca Martins.

O intérprete de “Pra quando o inverno chegar” foi Giovanni Lemos, 58 anos, de Cacequi. Veterano no mundo da música, ele participa de festivais profissionais de 1986, compartilhando os palcos com grandes nomes, como César Passarinho, Jairo Lambari Fernandes e Wilson Paim. Após uma pausa de 13 anos, Giovanni retomou a carreira em dezembro de 2021. O festival caçapavano foi seu primeiro evento deste ano.

– Foi muito emocionante esse processo de inscrição, compartilhamentos e votação final. Fiquei satisfeito por interpretar essa grande obra dos compositores Paulo Ricardo Costa e Cícero Goulart da Fontoura, é sempre muito bom cantar o amor em todos seus segmentos. Fica uma sensação de alegria e gratidão em saber que atingimos o coração das pessoas e, consequentemente, nos sagramos campeões. Conseguimos conquistar a vontade popular, tanto que, segundo a equipe de produção do evento, obtivemos 50% dos votos. Vejo nossa participação de forma positiva e estou muito feliz com o resultado de todo o processo – declarou.

Diego Rodrigues, 39 anos, de São Gabriel, compôs e defendeu “Gravata colorada”. Ele começou a participar de festivais em sua cidade natal em 2001, como intérprete, além de realizar shows em eventos no Estado com seu grupo, “Voz, violão e cordeona”. Mas essa foi a primeira vez que defendeu uma composição sua.

– Compus essa música em 2005, e ela estava guardada “na manga”. No ano passado, minha esposa descobriu o Festival de Caçapava, e apostamos nesse projeto. Enviamos para o Festival e ficamos gratos com a surpresa de que estava entre as dez finalistas. E quando recebemos a informação de que estávamos entre as três, foi uma grande alegria – contou.

Sobre a diferença entre defender uma canção sua e uma composta por outra pessoa, Diego disse que, ao interpretar algo de outro autor, o intérprete entrega tanto quanto se fosse uma composição sua, mas que acredita que a interpretação fica mais sincera ao cantar algo que ele mesmo escreveu.

“Gravata colorada” relembra a história de Sepé Tiaraju – índio guarani com status de chefe dos Sete Povos das Missões, foi um dos principais líderes indígenas na Guerra Guaranítica (1753-1756), ocorrida após a assinatura do Tratado de Madri, que passou da Espanha para Portugal o domínio de grande parte do território da região das Missões, retirando os indígenas de suas terras.

– Sempre fui um aficionado por História, tanto é que me tornei professor de História. O Sepé Tiaraju morreu em São Gabriel, na Batalha do Caiboaté, e está enterrado lá, é um marco na História da minha cidade. Sabendo disso, foram dados os primeiros versos da letra, e ela foi criando forma. É algo inexplicável, porque ela foi composta muito rápido, e é riquíssima – disse.

Segundo Diego, devido ao formato do Festival, “Gravata colorada” chegou longe e pessoas de fora do Estado e até mesmo de fora do Brasil entraram em contato com ele para comentar sobre a música.

– Estou muito feliz. Eu não tinha noção da repercussão que ia ter. Toda composição tem uma história pra tentar atingir o público. Só que, quando ela é criada, a gente não sabe o que vai acontecer. O Festival acabou fazendo com que tivéssemos essa noção. Quando chegou o resultado, tivemos a certeza de que nossa música havia sido muito bem aceita – finalizou.

Artistas e organizadores comemoram o sucesso do evento

Troféus foram entregues no domingo, dia 06

Fotos: Guilherme Félix/Publique Agência