Os funcionários da unidade de Caçapava da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) fizeram uma mobilização contra a privatização da estatal gaúcha. A manifestação ocorreu no sábado, dia 14, no Calçadão. Segundo a representante sindical dos servidores no município, a delegada sindical de base do Sindiágua/RS Medianeira Costa, o ato foi um encontro familiar, com o objetivo de orientar a comunidade, conscientizar e pedir apoio:

– Conversamos com as pessoas, orientando que busquem informação junto a seus vereadores e que esses levem os pedidos da comunidade para os seus deputados. Estamos precisando muito do apoio de todos – declarou.

Funcionária da Corsan há quase 30 anos, Medianeira Costa relata que a Corsan tem aproximadamente 5.600 trabalhadores no Estado.

– São 5.600 famílias que, no caso de venda da Corsan, como já houve exemplos em Uruguaiana e em São Gabriel, vão estar no mercado de trabalho de novo. Muitos dos colegas já estão quase a ponto de aposentadoria, outros entraram mais recentemente. É um medo muito grande, e todos nós estamos lutando – disse.

Conforme a representante sindical, a intenção das manifestações dos funcionários e das conversas com vereadores e prefeitos das cidades afetadas é de que haja melhor esclarecimento para a população.

– Em Uruguaiana e São Gabriel, onde deixou de ser Corsan, na época, os colegas foram deslocados para outras unidades de saneamento. Mas agora, no caso da privatização total, não tem para onde deslocar os funcionários, é uma demissão que, conforme o regulamento, não é uma demissão, é um desligamento, com menores valores de rescisão, de fundo de garantia. São 5.600 funcionários que seriam desligados no Estado. Em Caçapava, são 25 funcionários. Com Santana, que é nossa vinculada, são 29 – informou.

Sobre os estudos que apontam que, em casos de privatizações, há maior interesse da iniciativa privada por unidades em cidades maiores em detrimento das menores, Medianeira Costa disse que eles estão corretos.

– Existem as cidades maiores que subsidiam as menores. Nesse projeto de privatização, os municípios maiores deixam de custear os pequenos. As cidades maiores, onde se gera mais vulto financeiro, são exatamente o foco do governo. Mexendo nessas maiores, as outras vão ficar esquecidas – declarou Medianeira Costa.

Outros fatores, de acordo com a representante sindical, devem ser considerados: com a privatização, pode ocorrer o fechamento dos escritórios locais, onde há atendimento ao público; a Corsan é superavitária; parte da arrecadação da Companhia é destinada aos setores de Segurança, Educação e Saúde; e, durante a pandemia, a Corsan deixou de efetuar o corte de água, e as famílias de baixa renda cadastradas não pagaram as contas, o que só foi possível por se tratar de uma companhia pública.

– A Corsan atende 54 mil famílias de baixa renda em todo o Estado, com subsídio de 60% do valor da tarifa normal. No caso do término da Corsan, é sabido que se aumentam os valores das tarifas. A Corsan consegue se manter, não está tirando do cofre de ninguém. Pelo contrário, está incluindo valores para a manutenção do Estado – finalizou.

Foto: Nicole Alves