O Projeto Geoparque Caçapava, iniciativa que congrega a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), o poder público municipal caçapavano e a sociedade civil organizada, busca a certificação do município de Caçapava do Sul como um Geoparque Mundial da UNESCO. Tal selo pressupõe, entre outros atributos, o (re)conhecimento e a valorização, pela população do território, sobre sua conformação étnica e sobre os legados deixados pelas diferentes etnias em seus aspectos culturais, costumes, tradições e meios de vida.

Caçapava do Sul possui aspectos de sua natureza física que ensejaram, ao longo do período de escravidão no sul do Brasil, o estabelecimento de quilombos em seus rincões de mais difícil acesso. Os negros caçapavanos fizeram parte das heroicas brigadas de ‘lanceiros negros’ durante a Revolução Farroupilha e o período da efêmera República Rio-grandense, da qual Caçapava do Sul foi capital (1839 – 1840). Com o passar do tempo, a população negra no município cresceu, e hoje constitui uma parcela substancial dos habitantes de Caçapava do Sul. O objetivo de buscar estratégias para um desenvolvimento local sustentável, aliado a preservação do patrimônio cultural e natural do território, passa pela necessidade de valorizar esses patrimônios em todas suas formas de se manifestar e todas suas representações. Isso inclui valorizar a presença negra que durante séculos passou por tentativas de marginalização e invisibilização.

Para estreitar a relação do Geoparque Caçapava com os espaços de cultura negra do município, o Observatório de Direitos Humanos auxiliou na construção de um edital que fomenta ações de extensão em prol da igualdade racial no município. Na quinta-feira, dia 06 de agosto, foi realizada a live “Clubes Negros no Rio Grande do Sul” para informar sobre o lançamento do edital Conexões Geoparque Caçapava e ODH. A live contou com a participação da Professora da Unipampa Drª Giane Vargas, pesquisadora da temática de Clubes Negros; de Ubirajara Rodrigues, presidente do Clube Floresta Aurora, clube negro mais antigo do Rio Grande do Sul; e Cátia Cilene Morais que além de presidir o Clube Harmonia, clube negro de Caçapava do Sul, está a frente da Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial do município

Victor De Carli Lopes, chefe do Observatório de Direitos Humanos da UFSM, aponta que foi graças à importante atuação de Cátia e da COMPIR de Caçapava, sempre provocando e instigando a todos para construir soluções conjuntas na busca por igualdade racial no município, que este edital foi possível.

O edital está aberto até o dia 23 de agosto e possui três áreas temáticas: Clubes sociais negros; Comunidades remanescentes de quilombos; e igualdade racial. Mais informações sobre o edital podem ser encontradas pelo site https://www.ufsm.br/pro-reitorias/pre/editais/019-2020/

Informações: Site UFSM