Tatiana Marques expondo os produtos do Rotina Repentina no Brick de Desapegos

 

Se você costuma usar as redes sociais, já deve ter visto vários anúncios de brechós. Muitas dessas lojas começaram ali mesmo, como páginas no Facebook ou no Instagram, e depois migraram para o “mundo real”. Outras fizeram o caminho inverso: já existiam em espaços físicos e acabaram criando os perfis nas redes sociais para potencializar o alcance e ter mais um meio de contato com os clientes. Fato é que os brechós estão na moda, e muitas pessoas estão optando por esse tipo de negócio. Mas não apenas elas, como grandes marcas e grandes redes de lojas, como Gucci e Renner.

Uma caçapavana que decidiu empreender e abrir um brechó foi Tatiana Marques. Sua relação com a moda e com o comércio de roupas começa ainda da infância, frequentando a Boutique Papucha, tradicional loja de Caçapava que pertencia à avó Lília Haag, quem, segundo ela, é sua grande influência. Mas a ideia de ter a própria loja surge por acaso:

– Eu tinha um perfil no Instagram em que eu colocava as roupinhas das minhas filhas pra vender, e outro no Enjoei em que vendia minhas próprias roupas. Aí começou a vender super bem, passei a ler bastante pra me inteirar desse assunto e, no ano passado, resolvi transformar aquele perfil que já existia no Instagram no Rotina Repentina, o meu brechó online – contou.

A abertura da loja física começa com uma ideia de ter um espaço colaborativo, onde outras pequenas marcas também pudessem expor seus produtos. Atualmente, além do Rotina Repentina, é possível encontrar itens da Coleção de Protesto (marca de camisetas que Tatiana mantém junto ao também caçapavano Rodrigo Vicêncio), da Feltro e Pano e as Monalisas da artista Silvia Marcon.

Além da loja física e do perfil no Instagram, os produtos expostos no Rotina Repentina também podem ser encontrados em feiras de Porto Alegre, como o Brick de Desapegos, evento que, para Tatiana, ajudou a mudar a cultura de muitas pessoas na capital gaúcha.

– Olhando o público, é possível ver que não são só jovens. Tem senhoras que procuram peças mais elaboradas, por exemplo. Tem gente de todo jeito. É pra todos os perfis. O Brick teve a função de educar as pessoas para a moda sustentável – comentou.

 

A moda sustentável e os brechós

 

De acordo com Tatiana Marques, a moda sustentável tem vários vieses, e é preciso pensar sustentabilidade de uma forma ampla, incluindo os setores econômico, social e ambiental.

– Há marcas que se dizem sustentáveis, mas não conseguem se manter, pois têm um custo muito alto. É bem difícil, no Brasil, manter o tripé da sustentabilidade. Por exemplo, o algodão orgânico. Ele não prejudica tanto a natureza, mas é caríssimo, e se torna insustentável porque não é acessível, é muito mais caro que o algodão normal – explicou.

Para ela, é preciso encontrar um meio termo entre o ser sustentável no âmbito ambiental e no âmbito econômico, e é aí que entra o papel dos brechós, que também atendem ao âmbito social.

– Eles são acessíveis financeiramente, além de fazerem com que as roupas tenham uma sobrevida. E o social entra com o empreendedorismo feminino. São muitas mulheres, mães de família, que sustentam as suas casas com os brechós, vendendo roupa de segunda mão – completou.

Para aqueles que queiram aproveitar o momento e empreender em um brechó, Tatiana diz que é preciso, em primeiro lugar, se organizar com um plano de trabalho, estudar, além de levar o negócio a sério, estipulando um horário de trabalho.

– O brechó tem a vantagem de poder ter peças consignadas. Então, não precisa ter um investimento grande. E, se uma pessoa tem muitas roupas, ela pode começar com as próprias peças e, a partir do dinheiro que fizer com essas vendas, comprar mais com fornecedores. Também é preciso acreditar que vai dar certo, e que roupa de brechó é roupa boa. Se tu achar que não é legal consumir de brechó, então não abre brechó, aposta em outra coisa – finalizou.

Para conhecer os produtos do Rotina Repentina basta acessar https://www.instagram.com/rotina_repentina/.

Foto: Renata Vidal