Por Tisa de Oliveira
Pedir demissão, fazer aquela viagem dos sonhos, comprar um carrão, mudar de casa, trocar os móveis, roupas novas, ajudar a família, rir à toa, tudo isso e muito mais pode ser feito com mais de R$ 24 milhões na conta bancária.
No sábado (30) à noite, a notícia de que o prêmio milionário da Mega-Sena havia saído para um caçapavano agitou as redes sociais e, principalmente, os grupos de WhatsApp. A pergunta que a população fazia era – e ainda é –: quem será o novo milionário da cidade?
Os números sorteados foram 03 – 05 – 19 – 26 – 43 – 51, e o vencedor ganhou sozinho o montante de R$ 24.271.229,51. A aposta foi feita na Lotérica Gaúcha e este é o quarto prêmio pago pela agência.
R$ 24 milhões: muitas possibilidades de investimento
Para o economista Eraldo Vasconcelos, dinheiro gera dinheiro, principalmente quando ele tem liquidez. No caso do prêmio, que é dinheiro em espécie, permite fazer qualquer tipo de investimento.
Economista Eraldo Vasconcelos dá dicas de como o ganhador pode investir seu prêmio Crédito: Divulgação
“Pode ser no mercado financeiro ou em outros ativos, como no mercado imobiliário. Hoje, aplicar em imóveis, tanto urbanos como rurais, é a melhor opção, já que, além de se manterem atualizados da inflação, podem gerar bons rendimentos por sua locação. Embora seja uma aplicação conservadora, é sempre mais segura e rentável a longo prazo. Aplicações financeiras são sempre uma solução, principalmente pela quantia do prêmio, o que gera uma boa remuneração”, avalia.
Parte da bolada deve ficar no banco
O profissional recomenda que uma parte do valor seja deixada em aplicação, como forma de manter a liquidez para novas oportunidades.
Se considerarmos que o ganhador sonha em investir no agronegócio, mesmo que não entenda de campo, é uma boa opção, assegura o economista.
“Podem arrendar para cultivo de cereais ou criação de gado e, com isso, ter um ótimo ganho anual. Quanto à compra de gado, vai depender de se a pessoa entende de pecuária ou se vai construir uma estrutura com profissionais que entendam”, explica Vasconcelos.
Profissional financeiro pode ajudar a organizar a vida
Como a identidade do ganhador ainda não é sabida, há dois perfis que podem ser analisados. Segundo o economista, se ele for um empresário, prestador de serviço ou empreendedor, uma opção é investir parte da quantia no negócio, visando ampliar a sua empresa.
“Outra alternativa é buscar entrar em novos mercados, ou mesmo na criação de novos negócios. Mas nunca se deve aplicar tudo em um único investimento”, avisa.
Caso contrário, se o vencedor do prêmio é leigo, a primeira coisa a fazer é buscar a ajuda de um profissional financeiro de sua confiança.
“Em hipótese alguma, deve-se passar procurações ou poderes a ele, mas sim buscar uma consultoria que lhe ajude a entender quais são as melhores opões de aplicação desse prêmio. Pode deixar aplicado num banco, o que deve gerar um rendimento acima dos R$ 200 mil por mês, enquanto analisa as melhores oportunidades para aplicar a grana”, sugere Vasconcelos.
As possibilidades de fazer o dinheiro render são muitas. De qualquer forma, garante o economista, o mais seguro é investir em ativos que geram rendimentos e correção de seus valores com o tempo.
“Se quiser arriscar em algo novo, começa com uma pequena parte que, se perder, não comprometa as suas finanças. Mas, antes, faça um estudo de mercado”, aconselha.
O valor do prêmio assusta muita gente; alguns não conseguem mensurar a quantidade, enquanto outros acreditam que é dinheiro que não acaba mais. Engana-se quem pensa assim. Dinheiro acaba sim!
“Este tem sido o caso da grande maioria que tirou na loteria grandes valores. Hoje, estão mais pobres do que eram, simplesmente porque acharam que o dinheiro não ia acabar e passaram a cometer muitos atos insanos com a grana que tinham. Muitos não buscaram ajuda, pior, se deixaram aconselhar por espertos, interesseiros que se aproximam nessa hora e tudo o que querem é aproveitar o dinheiro dos outros”, alerta o economista.
O que você faria se tivesse ganhado o prêmio?
“Eu iria adotar o Abrigo Bem me Quer e transformar numa grande instituição, onde cada criança ficasse até completar 18 anos e saísse com uma vida estruturada. E que nenhuma criança de Caçapava fosse transferida para outra instituição, para nunca perder o vínculo com suas raízes.” Andreia Brito Rodrigues, professora
“Resolveria problemas financeiros mais urgentes, meus e da minha família; sairíamos para férias de 30 dias (faz 10 anos que não tiro) para qualquer lugar, com praias paradisíacas e tudo que temos direito. Deixaria minha família bem financeiramente, investiria no meu negócio, uma academia muito bacana, gerando emprego e fomentando a economia do município. Faria também um projeto social com dança e esportes.” Jocelaine Luiz, professora
“Eu faria um projeto de esportes para crianças carentes, um complexo com quadras, piscinas e pista de atletismo. Com direito a três refeições por dia. Faz tempo que tenho esse projeto na cabeça, mas como não tenho dinheiro e não ganhei na Mega, fica só no sonho mesmo.” Lenuza Castilhos (Preta), taxista
Fotos: arquivo pessoal
Mudanças na vida do ganhador vão da conta bancária às oscilações de comportamento
Crédito: arquivo pessoal
Por Luciele Monteiro Osório, psicóloga
Tudo que é novo gera ansiedade. Toda mudança requer adaptações e ressignificações, até mesmo as “boas novas”. Tornar-se milionário, digamos que é um sonho de consumo para muita gente, mas as chances disso tornar-se realidade é mínima e, quando o sonho vira realidade, com certeza, a euforia é ainda maior.
As mudanças que vêm com o tempo e são construídas são mais facilmente aceitas e elaboradas. Não que, obviamente, o ganhador irá titubear em aceitar o prêmio, mas implicitamente muitas mudanças, não só na conta bancária, mas na sua vida irão acontecer.
Ocorrerá, sim, um processo de aceitação do novo, assimilação de uma nova identidade, um novo status, uma nova rotina e por aí vai… Não é inadequado ou errado que o mais novo milionário sinta-se confuso, embaralhado, sofra oscilações de humor e sinta até medo. Tudo faz parte da ansiedade perante o prêmio e tudo que ele implicará!
O ditado “o tempo é o melhor remédio” é extremamente verdadeiro para algumas situações. Quanto maior a mudança, mais exige organização, foco, estratégias de enfrentamento, planejamento estratégico, além de espaço e tempo também para dar conta da enxurrada de sentimentos.
A ansiedade, não rara às vezes, contribui muito para que o sujeito aja sob impulsividade, porém, para atitudes assertivas, substitua a impulsão pela moderação. Além de a euforia atrapalhar pensamentos racionais e tomadas de decisões adequadas e inteligentes.
Outra sugestão é rodear-se de pessoas de confiança, uma rede de apoio que transmita segurança em todos os sentidos. Pessoas experts que possam orientar, instruir e dar o apoio necessário para que o novo milionário, então, além de rico, obtenha conforto emocional e tenha serenidade para gozar plenamente desta nova fase da sua vida!
Foto principal: Tisa de Oliveira
