O diretor da regional Pampa/Fronteira do Sindiágua/RS, Ricardo Müller da Cruz, esteve em Caçapava na terça-feira, dia 05, para uma reunião com vereadores. Após o encontro, ele conversou com a Gazeta e disse que esteve na Câmara para entregar uma carta aberta do Sindicato aos legisladores, ação que vem sendo realizada nas 317 cidades gaúchas atendidas pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).

– Levamos a carta aberta para dizer aos vereadores que o Governo tenta vender a Corsan, mas que isso depende da anuência dos prefeitos e, por consequência, essa discussão tem que passar pelos vereadores, pelas Câmaras Legislativas dos 317 municípios em que a Corsan atua. É muito importante ter essa noção de que precisa passar pelo Legislativo, já que foi tirado o direito do povo opinar com a retirada do plebiscito – declarou.

Para o diretor regional, a reunião foi bem positiva, pois os vereadores estão dispostos a discutir o assunto, oportunizando que a população fique a par do que está ocorrendo.

Segundo Ricardo, na carta aberta é dito que foi alterada a lei que criou a Corsan em 1965.

– A lei dizia que o Estado ficaria de acionista majoritário, não poderia vender mais que 49% das ações. Hoje, não tem mais isso, o Estado pode vender até 100% das ações da Companhia, mas precisa da anuência dos prefeitos, porque os contratos de programa são feitos com os municípios – explicou.

Conforme o diretor regional, dos 317 municípios em que a Corsan atua, apenas 40 são superavitários e mantêm o sistema solidário de subsídio cruzado da Companhia.

– Nesse sistema, o superávit dos municípios maiores faz com que se tenha a mesma tarifa em todos. Nos aditivos que a direção da Corsan está trazendo aos municípios e que visam facilitar a privatização, tem uma cláusula que diz que, a partir de 2033, terá a parcela fixa, mais a parcela variável. Essa parcela variável é o que precisa de investimento em saneamento, em água e esgoto. Vai ser repassado para a tarifa. Então, já está no próprio aditivo que a direção da Corsan está trazendo aos prefeitos essa cláusula, que é o aumento da tarifa. Quando a gente diz que, com a privatização, aumentará o valor da água, estamos embasados nesse aditivo – afirmou.

Para Ricardo Müller, ainda há muito que se discutir sobre a privatização da Corsan. No próximo dia 14, o Sindiágua utilizará a tribuna livre da Câmara de Vereadores para se manifestar novamente sobre o tema. Também está prevista uma audiência pública em Caçapava, mas ainda não há data confirmada.

– É muito importante que o povo participe dessas audiências públicas. A privatização da água acarreta em um aumento de tarifa, e numa dificuldade para os municípios cumprirem o novo marco regulatório do saneamento, que é chegar a 99% de água tratada e 90% de esgotamento tratado. De acordo com uma pesquisa feita e divulgada pela revista Valor Econômico, das 26 companhias estaduais, a Corsan é uma das cinco que conseguem cumprir as metas do saneamento. É importante a gente ressaltar que a Corsan 100% pública consegue cumprir o novo marco regulatório até 2033. Então, é uma inverdade quando se diz que a Corsan não tem capacidade financeira de atender ao novo marco regulatório – finalizou.