A caçapavana Isadora Razzera Huerta e o namorado Heitor Nóbrega Tico estão viajando pelo Uruguai de bicicleta. Eles saíram do Camping Camaquã, em Bagé, e irão até Montevidéu

Um trajeto de 762 quilômetros. Essa é a distância que a caçapavana Isadora Razzera Huerta e o namorado, o paulista “caçapavano de coração” – como se define por morar aqui há muitos anos – Heitor Nóbrega Tico se propõem a percorrer de bicicleta. Eles saíram do Camping Camaquã, em Bagé, no dia 06 de janeiro e têm como destino Montevidéu, no Uruguai.

Heitor já havia feito uma viagem de bicicleta em 2015, também para o Uruguai e percorrendo uma rota semelhante, mas com cerca de 900 quilômetros. Esta é a primeira viagem deste tipo de Isadora.

– Quando ele me contou, achei muito legal. Sempre quis fazer algo assim. Em viagens como essa, a gente se aproxima muito das pessoas, recebe muita ajuda, é muito diferente. Ao mesmo tempo, fica mais em contato consigo mesmo, porque, apesar de estarmos viajando juntos, a maior parte do caminho estamos sozinhos, cada um na sua bike, sem poder conversar muito. É uma viagem de autoconhecimento – declarou Isadora. – A gente vai se descobrindo mais a cada dia. É algo bem introspectivo – completa Heitor.

Eles não praticam ciclismo habitualmente. Antes de saírem do Brasil, fizeram apenas um treino, percorrendo 60 quilômetros para se adaptarem aos equipamentos.

– Não é necessário ser atleta para fazer uma viagem assim. É claro que facilita, porque quem é atleta faz mais quilômetros em menos horas, mas acho que o importante é ter vontade de vir – disse Isadora.

Já em território uruguaio, Isadora e Heitor conversaram com a Gazeta e contaram como está sendo a viagem. Com um roteiro pré-definido antes da partida, mas que vem sofrendo alterações, eles fazem entre 60 e 70 quilômetros por dia, porém nem sempre isso é fácil:

– Optamos por vir por Aceguá por ser a rota mais rápida para entrar no Uruguai. Mas há uma serra horrível, passamos muito trabalho, tivemos diversos problemas, uma das bikes quebrou, precisamos ser resgatados pela polícia e acabamos parando em uma cidade que não estava planejada, gastando mais dinheiro do que imaginávamos, porque não era algo que nós mesmos pudéssemos solucionar – relataram.

Isadora e Heitor também disseram que o preço das hospedagens está caro no Uruguai, o que os forçou a modificar o roteiro e optar por campings mais baratos e a hospedarem-se com pessoas que recebem ciclistas viajantes. Além disso, há as condições climáticas. O início do trajeto em território uruguaio, eles percorreram contra o vento e sob sol forte. Agora, o que causa problemas é a onda de calor que está atuando sobre o país vizinho. Para Isadora, o pior dia de estrada foi o sábado (15):

– Estava muito quente. Mesmo levando bastante água, com o calor intenso, acabamos ficando com pouca. À noite, pegamos uma tempestade enquanto estávamos no camping. A previsão para essas próximas semanas é de chuva, o que também atrapalha um pouco – disse.

Mas há muitas coisas boas na viagem:

– Conhecemos pessoas incríveis. E o Uruguai é muito rico em cultura. Cada lugarzinho que tu passa, tem alguém fazendo teatro, fazendo música – contaram.

Sobre a escolha do Uruguai como destino, Isadora e Heitor disseram que gostam muito do país e citaram questões de segurança para ciclistas:

– Pela nossa experiência, no Brasil, a gente sente medo tanto de um possível assalto, quanto de pessoas que estão defendendo a sua propriedade. A gente se sente meio encurralado. O ciclista que viaja no Brasil acaba sendo meio marginalizado – explicou Heitor. – E caminhões passam correndo do nosso lado, não abrem espaço – completou Isadora. – Aqui no Uruguai, o pessoal respeita mais, vai mais devagar, desvia. E a recepção é totalmente diferente, o ciclista é muito respeitado – finalizou Heitor.

Foto: arquivo pessoal