Memórias póstumas de Brás Cubas, para mim, é uma das obras mais geniais de Machado de Assis. Li este livro pela primeira vez na adolescência, quando estava no ensino médio, e ele se tornou um dos meus favoritos. Afinal, quem não se sentiria atraído por uma estória narrada em primeira pessoa por um morto?

Brás Cubas começa seu relato pelo fim, ou seja, sua morte, aos 64 anos. A causa mortis oficial foi pneumonia, mas ele estava convencido de que havia sido outra coisa: o Emplasto Brás Cubas, um remédio milagroso que ele mesmo inventara.

Mas não só com a narrativa das memórias do protagonista podemos ver a genialidade de Machado de Assis. Ele também cria um delírio para o moribundo Brás que me fez lembrar aqueles sonhos malucos que temos, quando várias coisas sem conexão aparente acontecem em sequência. Me parece ser um prato cheio para aqueles que entendem de interpretação dos sonhos.

Após o relato desse delírio, Brás Cubas começa a falar sobre seu nascimento e sua infância, e dos planos que seus familiares faziam para quando ele crescesse. A partir daí, traça uma ordem cronológica – com algumas idas e vindas – de fatos de sua juventude, dando destaque a algumas de suas travessuras; de seus amores na mocidade; do grande amor que viveu na vida adulta; e de empreitadas frustradas, como a do já citado Emplasto. Tudo isso refletindo sobre alguns de seus feitos com pitadas de humor.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção em Memórias Póstumas de Brás Cubas foi a intertextualidade com outra obra de Machado de Assis, Quincas Borba. No capítulo 13, ficamos sabendo que Brás e Quincas foram colegas de escola. Eles se reencontrarão em idade adulta, e Borba terá grande influência sobre Cubas.

Mas sabem o que eu sempre me pergunto quando leio Memórias Póstumas de Brás Cubas? Como seria poder contar sua história e refletir sobre a vida depois de morto?

 

Referência:

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Klick Editora: São Paulo, 1997. (Biblioteca ZH, 4)