Quinta-feira, 21 de abril, feriado. Tentei colocar as séries em dia, mas, em um episódio de “FBI: International”, os agentes encontraram um livro na casa de um suspeito, e a trama dessa obra foi crucial para conseguirem prendê-lo. O livro era Madame Bovary, do francês Gustave Flaubert. Eu já o havia lido há uns 10 anos, e vê-lo nesse episódio me fez querer relê-lo.

Charles Bovary é um médico que, numa noite, é chamado a uma fazenda para atender ao Sr. Rouault, o dono das terras. Lá ele conhece a filha do paciente, Emma, por quem se apaixona. A jovem aceita casar-se com ele e, após a cerimônia, se muda para a casa de Charles na cidade.

O médico está mais feliz do que nunca, mas ela… Ela queria um amor como o dos romances que lia, daqueles que arrebatam e enlouquecem os namorados (e não podem estar mais longe da realidade). Porém, acaba em uma relação tão monótona – e real – que a leva ao arrependimento.

Sua tristeza é tão grande que Emma adoece. Charles, desesperado, consulta um antigo professor, que o aconselha a mudar de ares. Na cidade onde vão morar, eles conhecem algumas pessoas, como o jovem escrevente Léon Dupuis e o rico fazendeiro Rodolphe Boulanger, que serão mais amigos de Emma do que do médico, se é que vocês me entendem…

Charles é um homem completamente devotado à esposa, mas ela não o suporta e o considera muito aquém de suas expectativas para um marido, o que a leva a ter comportamentos e pensamentos condenáveis para a época em que a obra foi publicada (1856).

De fato, a trama de Madame Bovary foi considerada tão escandalosa que Flaubert foi processado, acusado de ofensa à moral. As autoridades não viam problemas só no comportamento de Emma, mas também na forma com que certas cenas eram descritas. Além disso, consideravam o texto perigoso, sobretudo para as mulheres. Vai que elas resolvem imitar a Emma, né…

Uma curiosidade sobre a obra é que Flaubert foi questionado sobre quem seria Emma Bovary ou quem seria a mulher que o inspirou na criação da personagem. Há quem diga que foram os juízes que fizeram essa pergunta; outros dizem que foram os leitores. Mas o consenso é que ele respondeu “Emma Bovary c’est moi”: “Emma Bovary sou eu”.

 

Referências:

FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. Tradução: Ilana Heineberg. Porto Alegre: L&PM, 2011. 336p. (Coleção L&PM POCKET; v. 328).

MÜLLER, Andréa Correa Paraiso. O romance no tribunal: o caso Madame Bovary. Non plus, [s.l] v. 6, n. 12, p. 54-70, 2017. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v6i12p54-70>.