A leitura de Assassinato no Expresso do Oriente me fez querer ler mais estórias de detetives. Se alguém tiver uma sugestão, pode enviar por mensagem para a página da coluna no Facebook ou no Instagram. Os endereços estão ao pé do texto.

Mas meu interesse por esse tipo de estória é antigo. No início da adolescência, virei fã de Sherlock Holmes, e lia todos os livros que podia desse personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle. Uns meses atrás, comprei um box com a obra completa sobre o detetive para reler os livros que já conhecia e conhecer “novos” – pelo menos para mim. Então, para matar a vontade desse tipo de estórias, li Um estudo em vermelho, e é sobre ele que falo hoje.

A trama é dividida em duas partes. A primeira é narrada pelo Dr. Watson, fiel amigo de Sherlock Holmes, que começa contando como eles se conheceram e foram morar juntos. Watson descobre a profissão de Holmes numa manhã, quando um mensageiro chega com uma carta endereçada ao detetive e assinada por um membro da Scotland Yard, que pede sua ajuda para solucionar um crime.

Na noite anterior, um guarda de rua desconfiara que algo estava errado ao ver luz e a porta aberta em uma casa desabitada. Ao entrar no imóvel, encontrara o corpo de um estadunidense, mas nenhuma pista ou a arma usada puderam ser localizadas por ele ou pela Scotland Yard. O fato de solucionar crimes que parecem impossíveis apenas com sua inteligência é o que leva Sherlock a ser chamado.

Quando chegamos à segunda parte, pode parecer que estamos entrando em outra estória, porque não conseguimos ver, logo de cara, como aquela trama se relaciona com o que vinha sendo contado antes. Acontece que essa segunda parte também é dividida em duas – apesar de não explicitamente –, que chamarei de 2ªA e 2ªB, para evitar confusões.

Bem, saímos da primeira parte e entramos em 2ªA, que é contada em terceira pessoa por um narrador onisciente que nos leva ao passado, nos Estados Unidos, para esclarecer os motivos do assassinato. O que podemos ver nesse trecho é que o talento de Arthur Conan Doyle não era apenas para estórias de mistério. A trama que ele constrói como pano de fundo para o crime não deixa nada a desejar e, apesar de podermos imaginar o que acontecerá, avançamos com muito anseio de descobrir o desfecho.

Já em 2ªB, esclarecido o motivo, o Dr. Watson retoma a função de narrador e traz a sequência da investigação de Sherlock Holmes.

Diferentemente de Assassinato no Expresso do Oriente, em que o que me atraiu foi a expectativa de descobrir o assassino a partir das pistas deixadas, em Um estudo em vermelho, assim como em outras estórias de Sherlock Holmes, mais interessante que resolver o mistério é a forma pouco usual e nada tradicional com que o detetive o faz. Descobrir o criminoso quase fica em segundo plano.

 

Referência:

DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho. In.: ______. Sherlock Holmes: obra completa. v. 1. Tradução de Louisa Ibánez. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2017. 512p.