Há alguns dias, encontrei um livro que queria muito ler: Aladim. Gosto dessa estória desde criança, graças à animação da Disney. Apesar de a versão que essa edição (Clássicos Zahar) traz ser bem diferente da apresentada no desenho, não deixou nada a desejar.

Aladim é uma das estórias contadas por Sherazade em As mil e uma noites. Segundo Paulo Horta, foi incluída em uma edição francesa, organizada por Antoine Galland (p. 17). A tradução apresentada na edição da Zahar foi feita a partir de uma tradução de Yasmine Seale (p. 31), de 2019, e que tem como base a versão publicada por Galland no século XVIII (p. 31).

Aladim é filho de um casal muito pobre e sem muitos cuidados com sua criação. Desde criança, é “cruel, teimoso e rebelde” (p. 35). Aqui já há algo que causa estranhamento a quem é acostumado com a versão-Disney. Teimosia e rebeldia até são traços que podemos ver no Aladim da Disney, mas crueldade não é condizente com uma animação voltada às crianças. Agora, também não vejo no Aladim do livro essa crueldade. O que vejo, sim, é um vagabundo: ele vive pela rua, nada afeito a trabalhar.

Numa de suas andanças, Aladim chama a atenção de um feiticeiro, o mago do Magrebe, que se passa por seu tio para se aproximar dele. Sabendo que Aladim não trabalha, o mago oferece estabelecê-lo como comerciante de tecidos, profissão de alto status.

Com a desculpa de que Aladim precisa conhecer pessoas da classe a que logo viria a pertencer, o mago o leva até os jardins onde comerciantes ricos se reúnem e, dali, até um caminho estreito entre duas montanhas. Nesse lugar, realiza um feitiço que abre uma passagem no chão, descobrindo uma pedra, e diz a Aladim que, debaixo dela, há um tesouro destinado ao jovem.

Aladim retira a pedra, desce até uma câmara e pega uma lâmpada, conforme instruções do mago. Ao retornar, pede que o suposto tio o ajude a subir de volta. Diante da negativa de, primeiro, entregar-lhe a lâmpada, o mago faz outro feitiço, recolocando a pedra sobre a abertura e prendendo Aladim, que, para escapar, conta com a ajuda de um gênio, escravo de um anel que o mago lhe dera ao entrar na câmara.

Aladim volta para casa com a lâmpada, e sua mãe, achando o objeto sujo, esfrega-o para limpá-lo. Então surge outro gênio, escravo da lâmpada.

Os gênios, além de serem escravos dos objetos, devem servir a quem os possua, podendo dar-lhes tudo que pedirem e deixá-los ricos. Mas o que pode parecer ser a solução para todos os problemas de Aladim, no fim, poderá ser sua perdição.

 

Referência:

HORTA, Paulo Lemos (ed.). Aladim. Tradução de José Roberto O’Shea. 1ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2019. 144p.