Nesta semana, a Gazeta estreia mais uma coluna. Neste espaço, pretendo contar um pouco sobre minhas leituras para incentivar a que outros adquiram este hábito que tanto aprecio. Mas quem sou eu? Bem… Apesar de graduada em Letras – Português/Espanhol pela Universidade Federal de Pelotas e Mestra em Letras, com pesquisa desenvolvida na área de literatura na mesma instituição, acredito que o que mais me torna apta a escrever esta coluna seja o fato de eu ser uma leitora voraz desde a adolescência. Começo com um clássico porque assim quiseram os encantadores que governam nosso mundo… Mas pretendo falar sobre diferentes estilos aqui. E aceito sugestões! Sigam a coluna no Facebook (www.facebook.com/abibliotecadebebel) e no Instagram (www.instagram.com/abibliotecadebebel/) para contato.

 

Quem não conhece Dom Quixote?

O engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha é um clássico da literatura universal. Considerado o primeiro romance moderno, traz seus personagens como arquétipos, os modelos que serão seguidos na posteridade. A obra do espanhol Miguel de Cervantes é uma paródia do gênero literário mais famoso à época de sua publicação, os romances de cavalaria.

Todos já devem ter ouvido falar sobre Dom Quixote em algum momento, seja porque já tenha lido o livro, tenha visto alguma referência em séries de televisão ou no cinema. No texto de Cervantes, Alonso Quijada (ou Quesada ou Quijana… Aqueles que relatavam suas aventuras não entravam em consenso sobre qual seria seu sobrenome) é um fidalgo falido que, de tanto ler romances de cavalaria e por dormir pouco, enlouquece e resolve tornar-se cavaleiro andante (para desespero de sua sobrinha). Montado em seu cavalo Rocinante, com a armadura vestida, espada na cintura e lança em punho, ele deixa sua morada e vaga pela região desfazendo agravos e enfrentando inimigos (que só ele vê) e dedica seus feitos à Dulcineia d’El Toboso (que só ele acha que existe).

Dentre as diversas passagens geniais da obra, destaco duas: o escrutínio na biblioteca de Quixote e o duelo com os moinhos de vento. (A partir daqui, o texto contém spoilers) A primeira ocorre quando o cavaleiro volta para casa quase morto após algumas aventuras. Convencida de que a causa da loucura do tio eram seus livros, a sobrinha de Quixote pede ajuda ao boticário e ao padre para livrar-se dos exemplares. Cada título é analisado e argumentos são ouvidos para que se decida se queimá-lo ou guardá-lo.

A segunda passagem que destaco ocorre na segunda saída de Quixote, quando ele já conta com a ajuda de seu fiel escudeiro Sancho Pança. É dela que se origina a expressão “lutar contra moinhos de vento”. Em um campo, o protagonista vê alguns gigantes e decide enfrentá-los. Alertado pelo escudeiro de que, na verdade, o que estava a frente eram moinhos, ele diz que Sancho não consegue ver a realidade porque está sob efeito dos encantadores que tanto agem contra eles. O que acontece com Quixote? Leia o livro e descubra.

Isabela Brito Oliveira

 

Referência: CERVANTES, Miguel de. O engenhoso fidalgo D. Quixote de La Mancha. Primeiro Livro. Tradução e notas: Sérgio Molina. São Paulo: Editora 34, 2012. 704p.