Na semana passada o IBGE divulgou os dados do Produto Interno Bruto, que revelam que o país esta em recessão. Este fato já era esperado, pois já tinham circulados dados que revelavam o estrago do convid-19. Na metade do mês de agosto o Banco Central divulgou o IBC-Br, que demonstra o comportamento da economia brasileira, que é uma prévia do PIB  e este indicou uma queda no segundo trimestre de 10,94% quando considerado em relação ao primeiro. Agora o IBGE diz que foi -9,7% a maior queda desde 1996. Em relação ao igual período de 2019 o tombo ficou em -11,4%. Levando em consideração os quatro últimos trimestres, comparados com os anteriores a queda foi de -2.2%. Além de revelar os dados oficiais do segundo trimestre recalcularam o primeiro, que ao invés de -1,5% passou para -2,5%. A palavra recessão que já estava sendo usada agora ficou oficial, pois o país esta com dois trimestres consecutivos apresentando sinal negativo na economia. No primeiro semestre o tombo foi de -5,9% em relação ao igual período de 2019.

Números dos setores.

Indústria – neste setor a queda no segundo trimestre foi de -12,3% em relação ao primeiro e comparando com o de 2019 o setor caiu -12,7%.

Agropecuária – aqui os números foram positivos, 0,4% em comparação com o primeiro trimestre e 1,2% em relação do mesmo período do ano passado. Mais uma vez foi a salvadora da pátria.

Serviços – o PIB do setor de serviços teve queda de -9,7% no trimestre em relação ao anterior e -11,2% se comparado com o de 2019.

Consumo das famílias – o consumo caiu -12,5 no trimestre em relação ao primeiro e -13,5% comparado com 2019.

Comercio exterior – Enquanto as exportações cresceram 1,8% a importações caíram -13,2% no segundo trimestre. O dado positivo das exportações se deve principalmente pela venda de produtos da agropecuária.

Queda generalizada pelo mundo.

Segundo a agência de classificação de risco Austin Rating os impactos do covid-19 atingiram todos os continentes na analise da atividade econômica no segundo trimestre, realizada em 48 países.  Entre estes o Brasil ficou em 22º. lugar, empatado com Alemanha e Tailândia. Na lista apenas a China (11,5%) e a Índia (0,7%) aparecem no azul. Em piores colocações ficaram Bulgária (-9,8%), Ucrânia (-9,9%), Áustria (-10,7%), Turquia (-11%), Canadá (-11,5%). Melhores que o Brasil ficaram Estados Unidos (-9,1%) e os países que compõe o Brics, Rússia, China, Índia e África do Sul. A média global do trimestre foi de -9,9% ou seja a queda da economia brasileira ficou em torno da media mundial. Os analistas destacam que jamais tinham visto uma concentração tão grande quedas nem mesmo durante a crise de 2009, indicando que o segundo trimestre foi o fundo do poço.

Reversão da curva.

Ate a semana passada o Boletim Focus do Banco Central vinha reduzindo a queda da economia brasileira, mas a curva fez uma inflexão. Após nove semanas de melhora nos índices da atividade econômica, nesta eles passaram uma queda de -5,28% para -5,31% ou seja enxergaram pioras mesmo com evidencias de uma retomada. Para 2021 a expectativa é de um crescimento de 3,50%. Em relação à Selic a previsão é de que permaneça na mesma taxa de hoje 2%. No que se refere a inflação, apesar de alguns indicadores apresentarem números elevados como o IGPM acumulado de 12 meses (13,02%) as previsões são de que o ano feche com uma taxa de inflação (IPCA) abaixo de 2%. É bom lembrar que existem pelo menos mais de dez índices de preços e cada um leva em conta determinadas variáveis o que torna impossível a sua comparação.  Hoje eles variam de 13,02% a 2,31% e tudo é inflação. O próprio governo utiliza o IPCA como inflação oficial, mas para correção do salario mínimo o que vale é o INPC. Por isso quando se fala em inflação tem que se mencionar o índice que de referencia.

Pense.

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.

Economista Harri Goulart Gervásio