Essa é uma pergunta que sempre me faço quando me vejo nessa situação. Falar de um conto específico é mais fácil, mas como fazer quando o que merece atenção é um livro inteiro deles? Já adianto que não tenho resposta pra essa pergunta, apesar de ser isso que me proponho a fazer hoje. Aliás, se alguém tiver alguma ideia, aceito sugestões.

Na última semana, terminei a leitura de Recortes para álbum de fotografia sem gente, de Natália Borges Polesso. Na apresentação da edição que tenho, ela fala sobre o processo de composição do livro, incluindo a escolha do nome e sua extensão. Não é um nome muito fácil de lembrar, a própria autora admite se confundir às vezes. Eu me acostumei a chamá-lo de Recortes, e assim farei aqui.

Para mim, o título é perfeito para o que se apresenta, porque, ao chegar ao ponto final de cada conto, uma imagem ficava gravada em minha mente, estática, como uma fotografia para ser guardada em um álbum. Mas não aqueles do Facebook, um álbum de verdade, físico. E algumas de minhas fotografias mentais têm gente.

É difícil pra eu dizer de qual conto gostei mais, mas certamente o que me deixou com uma impressão mais forte foi o primeiro, “Aquilo não bastava”. Trata de uma pessoa em busca da felicidade, e fazendo de tudo para alcançar esse objetivo. E sabe quando a gente tenta, tenta, tenta, e parece que não chega aonde quer? Bem, é isso…

Queria comentar algo sobre o tom geral dos contos, mas não acho a palavra certa. Eles não trazem histórias tristes, mas também não são felizes. São relatos da vida como ela é. Depois de muito pensar sobre isso, sobre qual era a real sensação que me deixavam, decidi lançar um desafio aos leitores: leiam os contos e me digam como os definiriam.

Recortes foi vencedor do Prêmio Açorianos de Literatura de 2013 na categoria “Contos”. Natália Borges Polesso é Doutora em Teoria Literária pela PUCRS, teve suas obras traduzidas para o inglês e o espanhol, e publicadas em diversos países. Ela também venceu os prêmios Açorianos de Literatura e Jabuti com outro livro, Amora. Sobre esse, falarei em breve aqui também.

 

Referência: POLESSO, Natália Borges. Recortes para álbum de fotografia sem gente. Porto Alegre: Não Editora, 2018. 160p.