Secretaria da Saúde diz que, quando chegarem mais vacinas, fará drive-thrus exclusivos para aplicação das segundas doses. É uma ação para tentar diminuir o atraso na imunização

Os idosos que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no fim de março estão apreensivos: desde a quinta-feira passada, dia 22, falta vacina para a aplicação da segunda dose da Coronavac. Nessa semana, a vacinação foi interrompida em Caçapava, e a expectativa é que mais doses só cheguem, talvez, na próxima semana.

Além da incerteza, as pessoas que precisam da segunda dose também estão enfrentando a falta de informação. A suspensão da aplicação da segunda dose no dia 26 só foi anunciada na noite de domingo, dia 25, pelas redes sociais da Prefeitura. Houve pessoas que, sem acesso à notícia, foram para a fila em frente à Policlínica nas primeiras horas da segunda-feira.

As reclamações chegaram até a Câmara de Vereadores. A Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento e Bem-estar Social, presidida pelo vereador Luís Fernando Torres, o Boca (PT), pediu uma reunião com a secretária da Saúde, Inês Salles, e servidores da Secretaria responsáveis pela vacinação. O encontro ocorreu na segunda, dia 26.

– Quanto à falta de vacinas, não é culpa do comitê local de enfrentamento à Covid, porque o Ministério da Saúde mandou não guardar vacina. Isso é uma desorganização a nível nacional. A culpa é da política aplicada pelo atual governo na saúde do Brasil todo. Mas aqui tem que haver mais clareza, uma programação para que as pessoas não precisem ir para a fila às cinco da manhã – disse o vereador Boca, que no início de março já havia pedido à Prefeitura que criasse um cadastro online para organizar a vacinação.

Os vereadores também questionaram para quantas pessoas havia faltado a segunda dose da vacina. Até dia 26, eram em torno de 700 pessoas.

– Cobramos que a Prefeitura faça um levantamento, porque temos que saber quantas doses faltam para podermos pressionar e cobrar a liberação de mais vacinas – declarou o vereador.

Sobre a Prefeitura ter informado as mudanças na vacinação às 20h40min de domingo, pelo Facebook, Boca criticou:

– Horrível. Tem pessoas que vieram do Seivalzinho para se vacinar na segunda de manhã. Como de lá só tem ônibus uma vez na semana, e é nas quartas-feiras, eles contrataram um motorista por R$ 150,00, mais o combustível de ida e volta. Chegaram aqui e foram embora sem vacina. Isso não é programação. No interior, tem locais que nem pega celular. Então, de que adianta botar no Facebook domingo às oito e meia da noite? De nada.

 

O que diz a Secretaria da Saúde

 

Procurada na segunda-feira, dia 26, para comentar a situação da vacinação no município, a Secretaria da Saúde respondeu através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura:

Gazeta – Por que a população foi avisada apenas na noite de domingo sobre as alterações na vacinação de segunda-feira se, desde sexta-feira, dia 23, já se sabia quantas doses havia?

Comunicação Prefeitura – As doses que chegaram na sexta-feira, cuja quantidade foi informada somente no dia pela Coordenadoria Regional, foram aplicadas no drive-thru de sábado, além de serem usadas para iniciar a aplicação das segundas doses, neste caso vieram apenas pouco mais de 180 doses da Coronavac. Todas aplicadas. Como não há como prever a quantia de pessoas que compareceriam, a Secretaria, no sábado à noite, após a aplicação das doses, fez o levantamento de quantas sobrariam em média, e emitiu a nota informando que elas não seriam suficientes, assim como vem ocorrendo em todos os municípios do Estado. [A assessoria também informou que durante esta semana mais 700 segundas doses deveriam ter sido aplicadas, estavam agendadas nas cadernetas de vacinação, mas não foram por falta de remessa de vacina pelo Governo Federal e pelo Estado.]

Gazeta – É possível organizar a vacinação de outra forma, evitando a formação de longas filas, já que a Secretaria possui os nomes e CPF de quem já recebeu a primeira dose? Ou seja: há uma lista de quem são as pessoas e as respectivas datas que devem receber a segunda dose.

Comunicação Prefeitura – Apesar de a Secretária possuir o CPF, e a população ter na caderneta agendada a data da aplicação, o que tem atrasado é a falta de vacina! É preciso que o país acelere a compra de mais doses e remeta aos Estados para que distribuam aos municípios, e que estes, responsáveis somente pela aplicação, façam para a imunização da população. Vale ressaltar que a longa fila mencionada pela reportagem foi registrada somente na segunda-feira, na Policlínica (onde vacina-se mais de 50% da população do Centro e do interior). Por isso da ocorrência de drive-thrus, além de vacinar nos dias de semana. Estas filas, por exemplo, não ocorrem nos postos de saúde justamente pelo agendamento via carteira do SUS, e por ter menor número de pessoas atendidas. Sobre as filas, com a falta de vacina, mesmo que sejam feitas as aplicações em mais dias, a tendência é que a população se desloque sempre nos primeiros dias com medo da falta de dose.

Gazeta – Está sendo estudada uma nova forma de organização que evite a formação de filas e agilize a vacinação?

Comunicação Prefeitura – A Secretaria deve iniciar drive-thrus de vacinação exclusivos para as segundas doses, para atender a população que se vacina na Policlínica, onde ocorre a maior incidência de fila.