Adão tinha tudo no Paraíso. Sem trabalhar nem desembolsar quantias – mesmo porque, sem roupa, não tinha bolso – era só estender a mão para alcançar o que desejava. Não precisava pagar água nem luz, IPTU ou IPVA. Dias tranquilos, sem emoções intensas, nem grandes alegrias, mas tristeza nenhuma, uma vida perfeita.

Foi quando Deus criou a Mulher, e nada ficou como antes. Curiosa, queria gozar de todas as maravilhas ao redor, dava nome às flores, animais, árvores, rios…  Perturbava o sossego de Adão que, no entanto, não sabia explicar como vivera todo aquele tempo sem ela.

E quem lê a Bíblia sabe o que aconteceu. Expulsos do Éden, conheceram o pão que o Diabo amassou, as doenças, as malquerenças, o lado negro da vida.

Mas o Criador teve pena e mandou Maria, mãe de Jesus, para consertar os erros.

Desde então, dois tipos de Mulher se espalharam pelo mundo: a que traz a discórdia, dividindo a família, causadora de guerras, intrigas; e a que promove a paz e o amor, que se doa e sabe perdoar. No primeiro bloco, estão as sedutoras – como Dalila, que tirou a força de Sansão cortando-lhe os cabelos; a fofoqueira que semeia intrigas na vizinhança, no setor de trabalho – por inveja ou para ocupar o lugar da outra – enfim, aquela que ninguém gostaria de ter por companhia; as madrastas e as mães negligentes que não cuidam dos filhos; e a esposa infiel.

No outro bloco estão as Marias – não aquelas que vão com as outras, mas as que fazem do lar um ninho cheio de amor, compreensão e solicitude.

Elas estimulam os companheiros a progredir, deixar a zona de conforto para crescer no trabalho, nas boas iniciativas, e melhorar a vida da família e do mundo.

Essas, mesmo que sejam apenas donas-de-casa, são as que zelam pelo equilíbrio das finanças domésticas, administrando o salário do marido para que nada falte no lar, a não ser o supérfluo. Assim a descreveu um taxista, seu marido, dizendo que, se não fosse a mão fechada da esposa e seu senso de economia, o que rendiam as corridas não chegaria para cobrir todos os gastos.

Conheço mulheres que aceitaram os maridos infiéis de volta, para cuidá-los de uma doença terminal. E deram-lhe toda a assistência material e moral até sua morte. Conheço mulheres de poucas letras que sabem agradar seus familiares com quitutes gostosos, flores nos vasos, ambientes alegres e convidativos que expressam sua ternura que nenhum hotel 5 estrelas pode oferecer.

Enfim, há mulheres-maria e outras mulheres-evas. Bondosas como Maria e com a astúcia e o encanto de Eva. São suas armas contra as injustiças do mundo. Sua curiosidade natural as leva a descobrir novas maneiras de conviver com harmonia, a estimular os homens na profissão, nas descobertas científicas e tecnológicas, nos investimentos ousados. São as inspiradoras de poetas e pintores,  imortalizando-se  em famosas obras.

São sensíveis até às lágrimas, porém fortes como uma rocha quando lutam pelos direitos da Mulher, que mesmo os grandes sábios dos séculos XVIII, X!X e até o século XX negavam, por julgá-la um ser inferior – de cabelos compridos e ideias curtas.

A Mulher, com muita garra, foi-se libertando aos poucos desse jugo que a obrigava a casar por imposição do pai, permanecer casada e prisioneira do marido, sem direito à separação. E não ter profissão fora do lar.

Suas conquistas foram acontecendo aos poucos. Hoje, ela está lutando pelo seu lugar na sociedade, no ambiente do trabalho, em todas as áreas. E já estão atuando em serviços que eram só masculinos; dirigem caminhão, pilotam aviões, são soldados, bombeiros, constroem casas, brilham nos esportes e até nos radicais mais perigosos. Já se veem mulheres chefes de Estado, presidentes de grandes organizações e destaque na Economia, Política e demais setores da sociedade. Podemos vê-las em reportagens denunciando preconceitos raciais, de gênero e de escravidões, correndo riscos em nome da verdade. E no combate à Covid-19, médicas, enfermeiras, funcionárias da limpeza em hospitais são as heroínas anônimas que se expõem todo o dia à morte para salvar vidas. Seu lado Maria não só cuida da saúde dos pacientes, mas trata das dores morais com carinho e dedicação.

Mas não é só isso. Ela muitas vezes é quem provê os recursos da casa, é seu principal arrimo, e sua jornada de trabalho se estende além das leis trabalhistas. Pois é no lar que ela tem outro turno, que não tem hora para acabar.

A todas as Mulheres, o meu respeito e solidariedade.