Em janeiro do ano passado – ainda sem a Covid19 – minha família já se preparava para as comemorações dos meus 90 anos. Teria que ser uma festa como o festejado 1º Encontro dos Descendentes de Avelino e Aliny Silveira. Num lugar bem espaçoso, como aconteceu no Parque Eliseu Benfica, com muita música, dança, fotos, relatos de casos e anedotário que ficaram em nossa história. Onde a união, a fraternidade e o carinho sempre foram nossos pontos altos.
O coronavírus não deixou acontecer. Contentei-me em receber as manifestações via Internet, que começaram bem cedo e se prolongaram pelo dia todo.
Minha netinha recortou e desenhou bandeirinhas com meu retrato desenhado por ela. Não esqueceu a cor do cabelo e os lábios com batom vermelho vivo. E pendurou com durex nas paredes da garagem. Não faltou o bolo, mas impossível foi encontrar tantas velinhas, porém não deixei de assoprar a que representava mais um ano de vida. Depois, ela apresentou um número de dança e canto preparados de improviso.
Filhos e noras, a metade deles presencial, e a outra, bem como irmãos, sobrinhos, sobrinhos-netos e bisnetos e seus familiares, que já estão incorporados à família, por online, não faltou nenhum se pronunciar. Até minha afilhada me felicitou de Lima, Peru, onde reside. Da Bahia, S. Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Pelotas, Cachoeira do Sul, as mensagens não acabavam, deixando-me feliz pela lembrança e o carinho. Senti que não vivi em vão, pois amigos não me faltam.
Quando já me preparava para encerrar o dia, eis que uma jovem do clã surge com um notebook e me orientou para acessar lives com mensagens de toda a família, cada um em sua casa, em sua cidade, mas todos fazendo coro no Parabéns a Você. Alegres, sorridentes, em clima de festa, e foi como se os tivesse presentes ao meu redor, me abraçando, beijando e desejando todo o bem na minha vida.
Pensei que tinha acabado a festa. Que nada! Foi quando me levaram à área da frente, onde me esperava uma linda surpresa. Do outro lado da rua, carros da família de faróis acesos e fazendo um buzinaço, tendo mais próximo do portão o Fuca do Vô Avelino, como é chamado – que lembrava o mimoso casalzinho lá do céu mandando bênçãos e beijos mil –, fizeram a festa ficar mais animada..
Meus filhos e sobrinhos me mostraram, mais tarde, as mensagens de amigos distantes no tempo e no espaço, de ex-alunos que incluo no mesmo grupo, são também meus amigos que me fazem a vida mais alegre e significativa.
Não faltaram meus leitores a me desejarem saúde e alegrias.
A Gazeta, na pessoa do Gasparino, que também estava de aniversário, me homenageou com um lindo texto, muito emocionante, e me brindou com a edição ultramoderna de “Alice no País das Maravilhas”. Lembrei minha amiga Neusa Gomes, que me dera o que perdi, um volume com bela encadernação e lindas gravuras. Quando eu completei 10 anos, portanto, há 80 anos.
Não me lembro se comemorei meus quinze anos. Naturalmente porque não teve o mesmo impacto. Sinto que, agora, eu sou muito mais feliz! Porque concluí que a vida não precisa de tanta coisa. Quanto mais simples, com menos desejos, mas a satisfação de ter aprendido a valorizar o que faz a vida ter sentido – o amor – mais completa será.
Obrigada, minha família, amigos, leitores, pelo carinho que me faz muito feliz. O mesmo desejo ardentemente a vocês.