Secretaria da Saúde tem o planejamento, o pessoal e o material prontos para a vacinação. A expectativa é que cheguem mais doses em até três semanas

 

A secretária da Saúde de Caçapava, Inês Salles, estava no cargo há pouco mais de um ano e meio quando a crise da pandemia começou. Agora, com o processo de vacinação iniciado, a situação parece se aproximar do fim. Em entrevista à Gazeta, ela e a enfermeira responsável pelo setor de epidemiologia da Prefeitura, Sandra Bairros, falam sobre a vacinação no município.

Nesta primeira leva de vacinas, o município recebeu 481 doses, que são destinadas a um grupo considerado prioritário pelo Ministério da Saúde: profissionais da saúde que estão atendendo diretamente os pacientes com Covid-19 ou com suspeita da doença (pessoal do hospital, enfermeiros, técnicos, pessoal de limpeza, médicos, pessoal do Pronto Atendimento, profissionais do SAMU e pessoal da tenda de triagem); idosos que moram em asilos; e indígenas aldeados acima de 18 anos.

Conforme Sandra Bairros, em um segundo momento começará a vacinação nos demais grupos, ainda seguindo as determinações do Ministério da Saúde. Com a esperada segunda remessa de doses, serão vacinados os quilombolas, os demais profissionais da saúde e idosos de 75 a 79 anos.

– A previsão é de que daqui a duas ou três semanas venha uma nova remessa de vacinas. A cada remessa que chegar, vai-se ampliando o grupo de pessoas que serão vacinadas até que se completem os idosos acima de 60 anos. Aí, passaremos para o grupo de menos de 60 anos e com comorbidades. Estes precisarão de uma indicação de seu médico – explicou a enfermeira.

As vacinas serão aplicadas nas unidades de saúde da cidade. Apenas os acamados serão vacinados em suas residências, os indígenas em suas aldeias e os moradores de asilos em seus lares.

Para ser vacinado, é necessário apresentar os seguintes documentos: CPF, cartão do SUS e carteira de vacinação. Quem ainda não tem o cartão do SUS deve dirigir-se a qualquer unidade de saúde ou à Secretaria da Saúde, levando seus documentos pessoais e um comprovante de residência.

O Ministério da Saúde exige que a vacina seja nominal. Assim, um cadastro de cada pessoa vacinada será feito no momento da aplicação. Como esse processo pode ser demorado, segundo a enfermeira Sandra, os horários de atendimento deverão ser ampliados para que não haja acúmulo de pessoas. Além disso, mais salas de vacinas serão montadas e há planos de realizar a vacinação através de um sistema de drive-thru, e de abrir a Policlínica 24 horas. O que não poderá ser feito é ampliar o número de locais devido às condições de conservação da vacina.

– Não é um cadastro rápido. Precisamos que a população tenha paciência. Vai demorar em torno de 10 a 15 minutos para fazer o cadastro – disse a enfermeira.

A quantidade de vacina recebida na terça-feira, 19, é suficiente para aplicar a primeira dose em todos os que se enquadram no grupo prioritário.

Segundo a enfermeira, o município tem material e pessoal suficiente para a vacinação. Além da quantidade enviada pelo Ministério da Saúde, o município também adquiriu máscaras e aventais. Quanto ao pessoal, estão sendo ofertados treinamentos e, também, sendo feita a realocação de servidores.

– Como estamos em uma pandemia, podemos utilizar pessoal que trabalhou em sala de vacinas ou técnicos de enfermagem que tenham capacitação em vacinas ou que saibam fazem injeção. Eles podem ser recrutados. Também podemos usar voluntários – declarou a secretária Inês.

As vacinas não são indicadas às gestantes, nem às mulheres que estiverem amamentando. Também há restrições de acordo com orientações médicas para os pacientes com HIV, os que usam medicamentos com ação antiplaquetária e os que estão em tratamentos de oncologia. Estes pacientes devem apresentar um atestado médico permitindo a vacinação.

Ainda não há informações sobre o calendário de vacinação contra outras doenças no ano de 2021. Mas o que já se sabe é que a vacina para Covid-19 não pode ser aplicada concomitantemente a outras.

– É preciso um intervalo de 14 dias entre uma dose e outra. Por exemplo, se alguém fizer hoje a vacina da Covid-19 e, amanhã, quiser fazer uma antitetânica, não poderá. Terá que esperar 14 dias – esclarece a enfermeira.

Sobre a situação da pandemia no município, há uma diminuição no número de casos ativos, mas há várias internações. Essa é uma preocupação na Secretaria.

– São internações de pessoas idosas, que estão chegando com muita complicação. Hoje [quarta-feira], temos um paciente entubado na UTI em Cachoeira e quatro internados aqui, todos com mais de 50 anos. – informou Sandra.

Outra preocupação é com o comportamento de pessoas que não levam a sério as recomendações dos órgãos de saúde.

– Eu não tiro a máscara há 11 meses, e essa falta de empatia e de respeito com a gente e com o resto da população é o que vem nos preocupando. E nós já não temos mais argumentos. A gente já tentou conversar, já tentou multar, fazer campanha, mas não adianta. A gente já toma isso como um deboche. São pessoas que não se preocupam com os outros, não se preocupam com o comércio, não se preocupam com nada – desabafou a enfermeira Sandra Bairros.

De acordo com a secretária Inês Salles, muitos dos caçapavanos que contraíram Covid-19 ficaram com sequelas. Mas ela está confiante que tudo isso vai passar, e pede a parceria da população:

– O que se pode fazer agora é manter os cuidados até que seja possível vacinar a todos.