Mesmo em tempos de pandemia, pacientes não podem se descuidar do sorriso. Dentistas adotam medidas para atender com segurança

Ter um sorriso bonito vai muito além da estética, é questão de saúde. O alerta é da cirurgiã-dentista Heloisa Guedes Garcia, com quem a Gazeta conversou nesta semana sobre a importância de manter a higiene bucal em dia. Formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em 1989, ela atua em Caçapava há 30 anos.

Segundo Heloisa, felizmente as pessoas continuaram cuidando da saúde bucal mesmo durante a pandemia. E podem ir aos consultórios com tranquilidade, pois todos os cuidados estão sendo tomados conforme resolução do Conselho Regional de Odontologia (CRO/RS).

– Com as pessoas ficando mais em casa, pode haver um pouco de descuido. Sempre aconselho que os pacientes que procurem o atendimento. Se a pessoa está com dor, não deve deixar a dor aumentar, às vezes pode ter alguma infecção dentária – explica.

A dentista conta que os cuidados que já eram tomados antes da pandemia foram redobrados, para que nem o paciente, nem o profissional corram riscos. E, além deles, novas medidas foram adotadas para aumentar a segurança, como o maior espaçamento entre consultas, o pedido para que os pacientes não levem acompanhantes sem necessidade a fim de evitar aglomeração nas salas de espera, aferição de temperatura e disponibilidade de álcool em gel.

– Trabalhamos com a parte bucal, onde tem muitas gotas de saliva, então precisamos ter muito cuidado tanto com a clínica quanto com o paciente e com a nossa saúde – declara.

Conforme Heloisa, o risco de contaminação que os profissionais da área da saúde bucal correm é grande, e isso não é uma exclusividade do período pandêmico.

– A gente até brinca entre os colegas dizendo “qual é a profissão que sempre atendeu os pacientes de máscara?” A nossa sempre atendeu. Isso já mostrava que existe o risco de contaminação. A saliva e o aerossol que o nosso equipamento produz transmitem qualquer tipo de vírus – relata.

Mas a rotina nos consultórios não mudou muito com a pandemia. Apesar de evitarem procedimentos eletivos, como clareamentos e intervenções estéticas, os pacientes seguiram procurando atendimentos preventivos e curativos.

– As pessoas, mesmo usando máscara, ainda buscam o sorriso perfeito. E a gente preza, porque um sorriso agradável, além de ser esteticamente bem-vindo, é saudável. Então, é preciso pensar nisso, não tanto na estética quanto na saúde bucal. Não adianta estar com um sorriso que tu olha e pensa “ah, tem todos os dentes bonitinhos na boca”, mas a gengiva estar toda inflamada. Tem que procurar o seu dentista, ver com ele se é viável começar um tratamento agora, ou se é melhor aguardar mais um pouco. Procure a orientação de um profissional – aconselha.

Para se proteger e também ao dentista e demais funcionários da clínica, o paciente deve ir ao consultório usando máscara, higienizar as mãos ao chegar, utilizar os equipamentos de proteção individual fornecidos no consultório, retirar a máscara apenas na hora do atendimento e recolocá-la assim que o procedimento acabar.

Não há uma frequência única de visitas ao dentista que deva ser seguida por todos. Cada paciente é um caso diferente e deve ser avaliado pelo profissional o prazo de seu retorno.

– Tem pacientes que o ideal é de quatro em quatro meses. Quem tem uma saúde bucal boa, pode ir uma vez ao ano. Mas cada dentista, cada profissional é que vai orientar o paciente, vendo o seu quadro clínico – explica.

Para manter a saúde bucal, é necessário escovar os dentes, no mínimo, três vezes ao dia, usar fio dental, escovar a língua, fazer bochecho com algum antisséptico bucal, manter uma dieta rica em alimentos saudáveis.

– A cárie e qualquer doença de gengiva, doença periodontal, começa com bactérias, tempo e dieta. Tudo que ficar no dente depositado por mais de 24 horas vai começar um processo ali, uma cárie ou um sangramento gengival. Isso já é o começo de uma doença. Esses cuidados, a gente não pode perder nunca. Vamos higienizar a boca, é ali que começa tudo, é ali que nós temos bactérias. Então, é deixar a preguiça de lado. É um clichê eterno, mas não tem uma varinha mágica que faça os dentes se limpar sozinhos. E, na época de pandemia, o cuidado tem que ser redobrado, o vírus está aí, então, temos que nos manter cada vez mais higienizados – finaliza.