Superando as restrições impostas pela pandemia, instituição não interrompeu atividades terapêuticas. Na área escolar, as aulas online afastaram os alunos do convívio com professores e colegas, mas favoreceram a inclusão digital

Diretora Marines Huerta contou sobre a adaptação durante a pandemia

Com a pandemia, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) teve de adaptar-se à nova realidade. Segundo a diretora da entidade, Marines Huerta, as aulas da escola passaram a ser online e os atendimentos terapêuticos sofreram restrições. Algumas atividades foram mantidas, mas de forma atípica, como as aulas de capoeira e de culinária.

– A capoeira, como não podia ser presencial, o professor fazia as atividades, mas mais no sentido de uma conversa, de pesquisa, de ouvir as músicas e alguns pequenos exercícios. As oficinas de culinária se mantiveram com algumas instruções e atividades, mas não puderam ser feitas plenamente – disse.

Para que as atividades terapêuticas como fisioterapia, fonoaudiologia e equoterapia pudessem ter prosseguimento, foi preciso adotar um distanciamento maior de tempo entre os atendimentos, restringir aos casos mais necessários e dividir os alunos em grupos, que eram atendidos em períodos intercalados.

– Atendíamos durante 20 dias um grupo de alunos, e em outros 20 dias, outro grupo – explicou Marines.

A diretora avalia que as aulas online tiveram pontos positivos e negativos, e que a falta do professor e dos colegas afetou a aprendizagem de conteúdos mais acadêmicos.

– O lado negativo é que nem todos os alunos têm acesso às aulas online. Como somos uma escola particular, não tínhamos as mesmas ferramentas que uma escola estadual, não tínhamos plataformas, então, fazíamos por grupo de whatsapp. O lado positivo foi que muitas das nossas famílias se envolveram na busca de internet, de um telefone que tivesse o aplicativo – declarou.

Outro ponto positivo que ela cita é o interesse dos alunos e de suas famílias pelas redes sociais. Muitos deles ainda não utilizavam esses canais. O projeto de introduzi-los no ambiente digital já era pensado desde antes da pandemia, que acabou sendo a oportunidade de colocá-lo em prática.

A aceitação do novo formato de aulas por parte das famílias foi boa. Para a diretora, isso se deve ao fato de que os conteúdos abordados são mais simples, e as atividades mais práticas, como jogos e brincadeiras para quem ainda não tinha o domínio da leitura e da escrita. Para aqueles que já tinham, as atividades também não foram de grande complexidade.

– As nossas famílias, de certa forma, sempre tiveram alguém acompanhando a criança, pelo cuidado que ela exige. Então, é um pouco diferenciado de outra escola em que a família está trabalhando e a criança vai sozinha para a escola – relata.

A escola mantida pela Apae funciona em três áreas: assistência social, saúde e educacional. A área de assistência social permaneceu realizando visitas quando necessário, reuniões online com famílias que mostravam alguma dificuldade ou buscavam atendimento e distribuição de cestas básicas.

Na área da saúde, todos os atendimentos tiveram prosseguimento, com exceção de algumas famílias que optaram por não fazê-los durante a pandemia, e de alguns casos que, de acordo com uma avaliação prévia, foi considerado haver um risco maior de ir fazer a terapia.

A área educacional é dividida em duas subáreas: a alfabetização e a pós-alfabetização, que atende alunos de idade mais avançada e que passam a ter uma aprendizagem mais funcional, envolvendo leitura e escrita, mas voltada à vida prática. Os alunos menores, em idade escolar, recebem o ensino em que se enfatiza a leitura, a escrita e o cálculo. Essas atividades tiveram sequência à distância.

Atualmente, a Apae conta com 29 colaboradores, como motoristas, merendeiras, professores e técnicos, para atender a 153 pessoas com deficiência, de zero anos até a idade adulta. Destas, 90 frequentam exclusivamente a instituição, seja na parte escolar ou nas oficinas. Os demais estão em outras escolas ou creches e fazem algum tipo de atendimento na APAE.

A manutenção da Apae é feita com recursos de convênios federais, estaduais e municipais e com doações.

– Do governo federal, a verba que vem é através da Secretaria da Assistência Social. Essa verba vem sofrendo uma diminuição muito acentuada. Nesses últimos anos, houve uma redução de quase 50%. Há também uma verba que vem do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), por intermédio do convênio que temos com o Estado e tem relação com as matrículas que temos na escola. E a parceria com o município nos proporciona a cedência de professores e o repasse de verbas. E também as doações nos ajudam a manter a instituição, que é totalmente filantrópica, não cobramos nada, todo o atendimento é gratuito – explicou Marines.

Quem quiser ajudar a Apae pode ligar para o telefone 3281-2100, fornecer um endereço e uma cobradora irá buscar a contribuição. Também é possível fazer um depósito bancário. A instituição tem as seguintes contas:

Banrisul: agência 0137, conta corrente 06 152 066-05

Sicredi: agência 0434, conta corrente 58391-9

Banco do Brasil: agência 0670-x, conta corrente 3007-4

 

Equoterapia foi um dos atendimentos que precisaram ser adaptados