Os fones de ouvido viraram equipamento quase indispensável para quem está trabalhando de casa, e muitas vezes são usados por horas. O médico otorrinolaringologista Luiz Henrique Schuch fala sobre a importância de darmos atenção ao volume

Com a pandemia, muita coisa mudou, as pessoas ficam mais em casa e, em muitas situações, é de onde trabalham. Com a necessidade de falar com colegas e participar de reuniões sem ser atrapalhadas por ruídos externos, elas passaram a utilizar mais os fones de ouvido. Um exemplo pode-se encontrar no campo do jornalismo televisivo. Você já deve ter visto vários entrevistados em frente à tela do computador, conversando com o repórter e utilizando fones.

Mas para fazer esse uso mais contínuo, é necessário ter certos cuidados para que sua saúde não seja afetada. Para saber um pouco mais sobre isso, a Gazeta conversou com o otorrinolaringologista Luiz Henrique Schuch. Ele é graduado em medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), fez residência médica em otorrinolaringologia no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialização em otologia e otoneurologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente, Luiz Henrique tem consultório em Santa Maria e atende em Caçapava uma vez por mês junto à Provida desde 2015.

Confira a entrevista:

As pessoas já utilizavam bastante os fones de ouvido. Com a pandemia, muita gente está trabalhando em casa e usando esse equipamento em reuniões, por exemplo. O uso de fones de ouvido pode prejudicar a audição?

Se usados de maneira adequada, não causam problemas auditivos. Porém, muitas pessoas o utilizam com volume aumentado, e isso pode sim acentuar a chance de causar perda auditiva. A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é uma causa comum de diminuição da audição. E o descuido com o volume dos fones de ouvido pode causar este problema. Cabe salientar que a perda auditiva causada por ruídos, sons altos, é irreversível. Para prevenir esse problema, deve-se usar os fones de ouvido com o volume em uma intensidade mínima suficiente para se ouvir.

 

Os fones de ouvido podem prejudicar a audição das crianças?

Os fones de ouvidos podem prejudicar a audição de adultos e crianças. As perdas auditivas induzidas por sons altos dependem da intensidade do som, bem como do tempo de exposição aos sons pelo paciente.

 

Como fazer um uso seguro dos fones de ouvido?

Um exemplo que costumo dar aos pacientes é o seguinte teste: alguém que esteja ouvindo com fones de ouvido deve pedir para outra pessoa ficar em um ambiente com relativo silêncio ao seu lado. Esta pessoa ao lado não deve escutar o som. Caso esteja escutando, é porque o volume está mais alto do que o ideal.

 

O que o senhor recomenda como cuidados com a audição?

Devemos sempre estar atentos aos cuidados auditivos relacionados à exposição a sons altos. Quanto ao uso de fones de ouvidos, o cuidado é fácil, atentando-se ao volume do som. Para os demais tipos de ruídos/sons, algo como motosserras, alguns tipos de motores, shows, furadeiras, etc., é fundamental o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para atenuar o som alto que estimulará os ouvidos. O processo natural de envelhecimento é a causa mais comum da perda auditiva. A segunda é a exposição ao ruído. Assim, é fundamental que façamos uma prevenção deste tipo de patologia auditiva. Infelizmente, o descuido no uso de fones de ouvido com volume muito alto, dentre outros tipos de exposição a ruídos, irão aumentar o número de pacientes com perda auditiva ao longo dos anos, principalmente de crianças e adolescentes que não estão tendo a orientação para o uso correto dos fones por seus responsáveis. A poluição sonora existe por quase todos os lados, e a exposição excessiva ao ruído é preocupante. Em geral, a legislação sobre os ruídos ainda é pouco respeitada, e a maioria dos jovens, que são as principais vítimas de surdez precoce, é a população que menos se preocupa. Esta tabela nos dá uma ideia da intensidade de diversos sons. Aqueles a partir de 85 decibéis já podem causar diminuição nos limiares auditivos.

Foto: arquivo pessoal