A Polícia Civil divulgou no final da manhã de sexta-feira, dia 09, novas informações sobre a Operação Aramado, que investiga o estelionato milionário aplicado contra pecuaristas gaúchos.

A Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab), de Bagé, cumpriu 39 ordens judiciais. Mais de 12 mil cabeças de gado foram apreendidas e a Polícia também apurou que um servidor da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural estaria envolvido no caso.

Segundo a Polícia, foi verificada uma série de movimentações suspeitas de bovinos, motivo pelo qual a Decrab pediu a apreensão de 12.852 cabeças de gado, número de animais que, conforme a Polícia, havia sido comercializado pelos investigados no primeiro semestre de 2021 para propriedades rurais em Tocantins, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Também de acordo com a Polícia, nas análises de movimentações de gado, foi identificado o envolvimento de um servidor público da Secretaria de Agricultura. Ele teria incluído nascimentos de bovinos nos estoques do principal líder do esquema criminoso, através do Sistema de Defesa Agropecuário do Estado (SDA), gerando saldos suficientes para que os investigados pudessem fazer o que a Polícia vem chamando de movimentação de “gado papel”. Segundo a Polícia, somente em 2021, o servidor realizou 44 operações do tipo, totalizando 2.744 bovinos declarados nascidos, sendo que muitas destas operações foram feitas em um mesmo dia, como em 30 de abril, quando foram registrados os nascimentos de 1.139 bovinos em 18 lançamentos em sequência, sendo que a propriedade, nesta data, possuía apenas 125 fêmeas em idade reprodutiva.

A operação teve apoio do Departamento de Polícia do Interior (DPI), do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), da Delegacia de Polícia de Formigueiro, da 4ªDP de Santa Maria e da Secretaria Estadual de Agricultura.

Segundo a Polícia Civil, o inquérito já tem 62 ocorrências. A investigação iniciou em junho, quando houve duas prisões preventivas, e sete pessoas tiveram bens bloqueados.

Agora, conforme a Polícia, foi decretado pela Justiça o bloqueio de bens de mais cinco investigados, e o afastamento do advogado de defesa de um dos suspeitos, que estaria atrapalhando as investigações e obstruindo o trabalho da Justiça.

As 39 ordens judiciais decretadas foram sete mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Formigueiro, Caçapava, São Francisco de Assis e São Gabriel; cinco bloqueios de bens em Porto Alegre, Formigueiro, Caçapava e São Gabriel; 19 bloqueios de estoque de bovinos no Rio Grande do Sul, a serem cumpridos em Santiago, Alegrete, Uruguaiana, Santana da Boa Vista, Coxilha, Alegrete, Tupanciretã, Júlio de Castilhos, Santa Barbara do Sul, Piratini, São Francisco de Assis, Itaara e Boa Vista do Incra; um afastamento de advogado; um afastamento de servidor público; um bloqueio de estoque de bovinos em José Bonifácio, no Estado de São Paulo; um bloqueio de estoque de bovinos em Água Clara, no Mato Grosso do Sul; um bloqueio de estoque de bovinos em Pau D’Arco, no Tocantins; duas prisões preventivas em Formigueiro; e uma apreensão de 93 bovinos, que, de acordo com a Polícia, serão transportados para a propriedade rural da vítima, que ficará como depositária, uma vez que os animais foram comercializados e tiveram a rota original da venda desviada pelos investigados para esconder o destino dos animais, implicando em irregularidade indicativa de má fé.

Segundo a Polícia, os 12.852 animais apreendidos (que somam mais de R$ 30 milhões) permanecerão à disposição do Poder Judiciário para garantir eventual ressarcimento às vítimas do golpe.

Foto: Polícia Civil/Divulgação