Parece mentira. Estamos entrando no segundo semestre do ano. E o isolamento social continua.  Ainda bem que já nos acostumamos, adaptados que estamos às novas formas de comunicação, de relacionamentos e de meios de sobrevivência. Nossas provisões chegam à porta de casa, por tele-entrega, e o celular é o galo que nos desperta com as notícias de familiares, e assim a ansiedade pela distância diminui.

Mas o fato de terem chegado as primeiras vacinas contra o vírus a São Paulo, onde vão ser testadas, agitou nossa rotina, mas nos encheu de esperança de  retornarmos o quanto antes à nossa vidinha normal.

Enquanto esse momento não chega, as notícias da escalada do Covi19 no país e no mundo, e os fatos políticos ultimamente mais impactantes que as novelas da Globo, vêm mantendo as mentes livres de transtornos psicológicos, fobias e ansiedades. Nunca estivemos tão bem informados e dentro da realidade como agora, na solidão de nossas casas. Sobra tempo de pensar, julgar e programar novas formas de agir para o futuro. Com mais lucidez e desprendimento de nós mesmos. Também as mensagens carinhosas de gente querida vêm cheias de otimismo e ânimo para continuarmos do jeito como estamos: quietinhos em casa e de máscara na rua. Lavando seguidamente as mãos, não poupando sabão e água.

Agora surgiu novo assunto nas manchetes: com o calor dos últimos dias os gafanhotos estão preparando suas baterias para atacar nossas lavouras e pomares. Ai de nós, mas é possível que S. Pedro novamente os enxote abaixo de chuvas e ventanias.

Mas, voltando ao mês de julho, num breve passeio de carro – sem desembarcar e de máscara – passei por um pessegueiro carregadinho de flores. Lembrei as férias de inverno de outros tempos, quando pela janela do ônibus eu via essa floração linda, desejando que o mau tempo de agosto não a desfolhasse tão cedo.

E, coincidência ou não, o celular me enviava naquele momento essa beleza de música, na voz de Emílio Santiago “Estão voltando as flores”.

E ainda há quem condene a cigarra, só dando valor ao trabalho da formiga.

Que seria de nós sem a arte? Sem a Educação e a Cultura?

Anna Zoé Cavalheiro