Parece fácil fazer a leitura e comparação de números em estatística e partir para conclusões e afirmações a respeito de um determinado fato. Inclusive com base nestes são elaboradas projeções que passam a influir na tomada de decisões futuras. Sempre é bom ter o devido cuidado, sabendo da fonte, e o que pode ser relacionado com o que. Imagine que um determinado estado produz uma plataforma de petróleo para exportação. É um produto de alto valor. Suas exportações no mês de venda vai dar um salto enorme, fazendo com que o resultado do comercio externo deste ente fique com alto valor. Este dado deve ser desprezado quando for feita uma analise de períodos de médio e longo prazo, pois se considerados, vão influir nos resultados encontrados, ficando longe da realidade. Em economia é muito perigoso lidar com dados pontuais sem a capacidade de olhar o entorno, o antes, o que pode ter levado a este resultado. O momento por que passa a economia brasileira é de muita instabilidade e incerteza, devendo ser olhado com muita prudência e sabedoria os dados advindos no dia a dia.

PIB do segundo trimestre.

Os resultados do Produto Interno Bruto do segundo trimestre de 2020 eram aguardados com grande expectativa, pois mostrariam o tamanho do tombo da economia em função da pandemia. Como o corona vírus se apresentou de forma mais forte a partir de 15 de março, o resultado de -1,5% do primeiro trimestre, era indevido para analises mais precisas do impacto da pandemia na economia. Se algumas projeções fossem baseadas neste numero seriam imprecisas. O Banco Central produz o IBC-Br que é um índice que demonstra o comportamento da economia brasileira, sendo considerado uma prévia do PIB. Este índice indicou que o PIB brasileiro, no segundo trimestre teve um tombo de -10,94%  quando considerado em relação ao primeiro. Se comparado com o segundo trimestre do ano passado a queda foi ainda mais acentuada, -12,03%. Na analise mês a mês é possível perceber que o movimento foi diferente em cada período. O mês de abril foi o de maior perda, -9,62% mas já em maio a curva foi invertida com um crescimento de 1,6%. A recuperação continuou em junho com um resultado de 4,89% mas ainda incapaz de alterar o resultado do trimestre. Olhando apenas a queda do trimestre que foi de -10,94% fica omitido o fato positivo de que a economia brasileiro esta se recuperando. O segundo trimestre foi difícil, mas apareceu uma luz no fim do túnel.

Resultado do semestre.

Segundo dados do IBC-Br o PIB brasileiro encolheu -6,82% no semestre, em relação ao anterior,  impactado pela pandemia que reduziu a atividade em quase todos os setores da economia. Se comparado com primeiro semestre do ano passado, a queda foi de -7,05%. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em junho o tombo foi de -2,55%.  Mesmo com os resultados negativos apresentados é possível perceber que a economia brasileira esta se recuperando, mas com certeza tem um longo caminho a percorrer para alcançar os patamares anteriores a pandemia. Em junho a indústria cresceu 8,9% em relação a maio; o varejo aumentou 8% e o setor de serviços teve um acréscimo de mais de 5% no volume. No inicio de setembro o IBGE deverá divulgar os dados oficiais do PIB  e com certeza será confirmada a recessão técnica que ocorre quando uma economia apresenta dois trimestres consecutivos de queda. Pelo que tudo indica a curva deverá continuar positiva.

Projeção para 2020.

Sempre é bom lembrar que no inicio do ano as expectativas eram positivas com previsão de crescimento da economia em torno de 2,5%. E aí veio o covid e tudo foi arrasado, inclusive as esperanças. Foram projetados resultados negativos de mais de 10%. Hoje o mercado, através do Boletim Focus do BC, prevê que o PIB deve apresentar no final do ano um resultado de -5,62% com quatro semanas de queda. Para 2021 esta previsto uma alta de 3,5%. Inflação, IPCA,  contida em torno de 1,67%, dólar a R$ 5,20 e Selic permanecendo em 2%. Fica cada vez mais claro de que o pior já passou, mas tudo deve acontecer de maneira muito lenta e gradual, levando ainda um bom tempo para a volta a patamares anteriores a pandemia.

Pense.

Os maiores limites de sua mente são aqueles que você acredita ter.

Economista Harri Goulart Gervásio – Painel 626. Ano XV