“Quando setembro vier…” tem sido  o que muita gente suspira nestes últimos dias gélidos de nosso inverno.  Para que venha o calor, dias claros, coloridos de flores. Mas ele chegou mais gelado ainda. Que fazer? Só nos resta mudar os planos e pensar que podia ser muito pior. Pois não temos inundações, tornados, tremores de terra. Eta, Província de S. Pedro abençoada!

Mas o gaúcho de boa cepa não se entrega. Mais lenha na lareira, chimarrão e churrasco no ponto e umas trovadas alegres na gaita ou violão para espantar o mau tempo e o humor sombrio. Semana Farroupilha… só virtual. Ele se conforma. Mais vale a consciência tranquila de estar cumprindo as obrigações sociais e humanitárias devidas: distanciamento, máscara, álcool gel. Os abraços podem esperar, pois o carinho continuará presente.

Desde criança sinto a Primavera como um tempo mágico que abre a cortina do palco, e num repente mostra outro cenário,  bem alegre, luminoso, cheio de cores. O coração bate  bem forte, e a  alma da gente renasce com mais vigor e esperanças.

Na Escola Primária, era o tempo dos piqueniques. Em fila de duas a duas, passávamos pela Rua General Osório, rumo ao local programado,  cantando: “Primavera, volta, volta/ Primavera volta já/ Traze risos e louvores/ vem com todos teus primores, / Primavera volta já.”

No trajeto sempre encontrávamos à janela uma simpática velhinha, que oferecia um ramo de violetas à nossa professora, Ir. Elmara. Diziam que a tal senhora era descendente do General Osório.

Agora, nossos planos de reuniões ao ar livre, em pátios ou áreas da frente de moradias de nossas manas, que não visitamos desde março, contam com outro empecilho: o clima não permite.  Os aniversários das crianças continuam sendo festejados com as temáticas que elas mesmas escolhem, e não faltam as fotos que vão compor os álbuns de comemorações da família.  E as crianças já se acostumaram com essa mudança.

Mas, apesar das nuvens cinzentas de agora, há um  certo clarão que perpassa anunciando que a nova estação está chegando. E com ela as boas notícias: o Covid 19 está perdendo força, aqui no Rio Grande do Sul e em todo o país. Mas não devemos cantar  vitória antes do tempo. Outros países relaxaram as precauções e recaíram na pandemia.

Os dias estão mais longos, a vida pulsa mais forte, é preciso aproveitar o tempo. Ele passa veloz. É a  hora de plantar flores, cuidar dos canteiros, estreitar os laços de afetos, promover a paz e a alegria no lar e neste mundo afora.

Anna Zoé Cavalheiro