Eis que em meio a tantas notícias alarmantes surge uma luz no horizonte: a vacina para o combate à Covid 19 não é mais uma utopia.

Brilhantes cientistas internacionais e até brasileiros, para o nosso orgulho, estão na fase de testagem em humanos, e os prognósticos de sua eficácia são os melhores possíveis.

Já podemos começar a planejar nossas vidas após a pandemia. E sonhar com os abraços e aconchegos agora proibidos.

Que bom será retornar à vida normal, em que sair à rua faz parte dos hábitos cotidianos, nada de extraordinário.

No estágio em que estamos, aconteceu de uma idosa precisar comprar ração para os seus bichanos, e logo um vizinho gritou: “Olha uma véia fugindo de casa.” Daí a pouco não deu outra. A notícia saiu no noticiário da Rádio Caçapava.

De vez em quando percebo que não vejo um conhecido há muito tempo. Onde andará? Então me dou conta que a sumida sou eu.

Estou confinada e conformada. Mas sinto saudades de encontrar meus conhecidos, amigos, vizinhos que costumava ver nos lugares que eu frequentava. Fico lembrando as missas de fim de semana, quando já sabia de cor o lugar de cada fiel. Nos sábados, uns, e nos domingos outros que ocupavam os mesmos bancos. Na entrada, a calorosa saudação do Pe. Antônio e da equipe de Liturgia. E na saída, um espaço para os abraços e conversas com os mais chegados. A gente saía de alma nova, dava para sentir que éramos uma grande família na casa do Pai. E a semana fluía com todas as bênçãos e graças trocadas.

Nas compras de Supermercado, pelos corredores, os encontros com os conhecidos valiam por visitas, que no ritmo atual de nossas vidas modernas perderam a vez.

E nas Agências Bancárias, as filas detestadas pelos mais novos, cheios de encargos, para minha faixa etária eram mais uma oportunidade de encontro com pessoas queridas.

Neste isolamento social, foi possível descobrir como somos dependentes uns dos outros. É nos relacionamentos humanos que crescemos em profundidade. Onde mais entendemos o poder da empatia, a faculdade de nos colocarmos no lugar do outro, de sentir por ele e desejar-lhe o mesmo bem que almejamos para nós mesmos.

Oxalá, ao voltarmos ao convívio humano, com beijos, abraços, aconchegos, esses ensinamentos da Pandemia não sejam esquecidos.

Que Deus nos ajude e guarde.

Anna Zoé Cavalheiro