Os sonhos são expressões de nossa subjetividade que podem ajudar a compreender e dar sentido ao que estamos vivendo nesse momento, em que há necessidade de nos reinventarmos para fazer frente às mudanças impostas pela pandemia.

Essas mudanças, assim como o excesso de notícias, muitas vezes contraditórias, veiculadas nos diversos meios de comunicação, provocam uma série de incertezas e nos remetem ao enfrentamento das questões do adoecimento e da finitude, que costumam ser fonte de muita angústia.

Sabemos, desde Freud, que em nossas experiências na vida, tudo aquilo que excede a nossa capacidade psíquica de elaboração é sentido como um trauma e um dos principais recursos que dispomos para dar conta desses excessos é a nossa capacidade de sonhar, pois os sonhos nos ajudam a elaborar nossos medos, angústias e vivências traumáticas.

Inspiradas pela escuta psicanalítica e por alguns trabalhos, entre os quais, “A Interpretação dos Sonhos” de Sigmund Freud e “Sonhos do Terceiro Reich” de Charlotte Beradt, decidimos iniciar no Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre – instituição a qual pertenço – o projeto “Colecionando Sonhos”.

Com ele, pretendemos construir um banco de dados de sonhos, a partir do qual possamos pesquisar e produzir trabalhos e reflexões sobre os impactos da pandemia na subjetividade de todos que estão vivendo este dramático e delicado momento, bem como investigar algum potencial de expressão coletiva que poderão conter.

Convidamos você a colaborar com nosso projeto relatando um sonho ocorrido nesse período de pandemia. O relato poderá ser feito diretamente no site: www.cepdepa.com.br/colecionandosonhos onde você poderá também comentar suas impressões ou associações relacionadas ao sonho,  se assim desejar.

Não é necessário identificar-se, apenas solicitamos que informe sua idade, gênero, local onde vive atualmente e se você, um parente ou um amigo próximo, teve diagnóstico de Covid-19.

Ainda que os sonhos se apresentem como uma ficção e, de uma forma enigmática sejam compostos pela matéria-prima do inconsciente, eles são também parte da realidade e, por apontarem outras realidades, podem nos ajudar a encontrar saídas criativas para nosso futuro, quem sabe mais solidárias. Precisamos sonhar, porque precisamos de futuro.

             Por Mônica Poglia Leal (Psicanalista e Coordenadora do projeto)