Os números da renda per capita são muito estudados e prestigiados. Eles são obtidos dividindo o valor do PIB, tudo que é produzido no país, pela população. É um importante termômetro para avaliar a riqueza de uma nação. Quando a atividade econômica avança num ritmo mais rápido do que o crescimento populacional, ele sobe. Hoje a média anual do crescimento populacional por aqui anda em torno de 0,8%, portanto para que o numero do PIB seja positivo este tem que resultar acima. A frieza deste número muitas vezes retrata uma situação destorcida da realidade, basta para isto ver os números da Venezuela que possui uma das maiores rendas per capita do mundo e o nível de pobreza do povo tem lugar de destaque no planeta. Isto acontece devido à riqueza advir do petróleo que fica concentrado nas mãos de poucos, ou seja, nem sempre a renda per capita representa desenvolvimento.

O caminho da pobreza.

Entre 2013 e 2020 o PIB per capita brasileiro encolheu mais de 11% passando de R$ 8.519,00 para R$ 7.559,00.  Como parâmetro é bom considerar que neste período o crescimento médio do mundo foi de 4%. Vale a pena relembrar a historia de como tudo isto aconteceu. Saindo de 2013, ultimo ano com índices positivos, o Brasil entrou numa recessão, 2014 e 2015, queda de 7% no PIB, passou por um período de estagnação até 2019, entrando em 2020 com otimismo de crescer 2,3%. E aí veio o covid e tudo foi por aguas abaixo, sendo que este ano a economia deve encerrar com uma queda entre 7 e 8% o pior numero desde a década de 1940. Aqui fica claro o empobrecimento do povo brasileiro podendo ser afirmado que o padrão de vida do brasileiro voltará ao nível de 2008.  Antes da crise eram 15 milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha da extrema pobreza, ganhavam menos do R$ 9,88 por dia e 38 milhões, que são considerados pobres, recebem entre este valor e R$ 28,6 por dia. Somando é possível afirmar que mais de 50 milhões de pessoas no Brasil estão na pobreza. É bom que se diga que hoje este contingente deve ter diminuído em virtude da ajuda federal, mas logo, quando estes recursos deixarem de ser distribuídos, deve acontecer a volta aos patamares anteriores.  A Fundação Getúlio Vargas aponta que o auxilio de R$ 600,00 dado pelo governo federal, reduziu a extrema pobreza ao menor nível dos últimos 40 anos, só que o efeito é temporário.  São números que possibilitam o reconhecimento da real situação econômica do Brasil e as condições atuais do povo, sendo possível projetar as grandes dificuldades que terão que ser enfrentadas na próxima década. Isso é real!

O que diz o brasileiro.

Pesquisa recente do Instituto Locomotiva ouviu parte da população para saber o seu entendimento sobre a crise atual. Destes 54% afirmam que o seu padrão de vida piorou e 64% dizem que vão levar mais de um ano para voltar ao padrão de vida anterior. Em relação à renda 56% disseram que a sua renda vai diminuir e 31% vão ter que abrir mão do plano de saúde, da mensalidade escolar ou da empregada doméstica. Com todos estes dados da para perceber que a situação do Brasil e do povo brasileiro é dramática sem condições claras de desenhar um horizonte mais otimista tanto no curto como no médio e longo prazo. Imagine que para alterar este quadro será necessário que a economia volte a funcionar com indústria produzindo, comércio vendendo e serviços funcionando. Para que isto aconteça é necessário investimentos, dinheiro que inexiste no setor público e é raro na iniciativa privada local, sobrando a esperança de que as verdinhas do exterior se apresentem. É uma equação difícil de resolver. É como o renascer da fênix. Tempos difíceis todos vão enfrentar.

O que já era ruim deve piorar!

A pobreza hoje é um problema mundial que coloca a prova os administradores públicos. Pobreza significa renda baixa, com pouco acesso ao consumo. Quando a renda cresce, a demanda aumenta e a economia desenvolve. O contrario é verdadeiro, quando a pobreza aumenta, diminui a propensão a consumir e a economia fica travada. Os dados apresentados demonstram que antes da pandemia o Brasil tinha mais de 50 milhões de pessoas na pobreza, o que significa algo em torno de um quarto da população. Hoje com a ajuda governamental houve uma diminuição neste contingente, mas como isto vai acabar, no momento pós-pandemia o numero de pobres no Brasil deve aumentar. É uma realidade que deve estar preocupando os gestores públicos. Como resolver esta equação?

Pense.

Eu quero, eu posso, eu consigo!

Economista Harri Goulart Gervásio – 07-08-2020. Painel 624. Ano XV