Um rei decide dividir seu reino entre as três filhas para se ver livre das obrigações de seu posto na velhice. Para decidir qual parte tocaria a cada uma, pediu que lhe dissessem o quanto o amavam. Duas delas responderam assim que questionadas, mas a terceira amava tanto o pai que não pode colocar em palavras o sentimento. Porém, o rei tomou a atitude como falta de amor, e ela acabou deserdada.

O reino foi dividido entre as outras duas filhas, e o rei passou a viver cada mês com uma delas, mantendo consigo um contingente de cem cavaleiros. Mas elas sentiam que o pai estava querendo manter um pouco do poder para si, então, se uniram e tramaram para enfraquecê-lo.

Este é o resumo do Ato I, Cena I de Rei Lear, de William Shakespeare. Com essa obra, voltamos a falar de clássicos. Este faz parte do gênero literário dramático, também chamado teatral. A última denominação já deve dar uma dica do que o leitor pode esperar ao abrir o livro. Talvez seja algo a que não esteja acostumado, pois há uma diferença de formatação daquela apresentada em romances e contos: os textos pertencentes ao gênero teatral são escritos para serem encenados. Assim, são constituídos, em sua maioria, de falas; o restante são marcações para a atuação.

Gosto muito da experiência de leitura de textos desse gênero, pois, de certa forma, eles “jogam” com nossos sentidos. Por exemplo, a distância entre dois lugares pode parecer menor ou maior dependendo da cena; o tempo transcorrido nem sempre é claro, nem sempre há marcações que informam se se passou uma noite ou dez minutos. A mim, parece um ótimo exercício mental, apesar de, às vezes, atordoante.

Mas voltando a Rei Lear, esta é uma obra que já está em domínio público, então, é de fácil acesso, seja em livros físicos ou na internet. (Já indiquei o site dominiopublico.gov.br? Se não, fica a dica!) Para aqueles que, como eu, preferem o papel, indico a edição lançada em agosto do ano passado pela Companhia das Letras, através do selo Penguin Classics. Ela traz uma excelente introdução da obra, que mostra possíveis origens do personagem Lear, e elucida algumas das decisões da tradução. Esta é assinada por Lawrence Flores Pereira, professor da Universidade Federal de Santa Maria. Ele também assina a apresentação junto a Kathrin Holzermayr Rosenfield.

 

Referência: SHAKESPEARE, William. Rei Lear. Tradução e notas: Lawrence Flores Pereira. Introdução: Lawrence Flores Pereira e Kathrin Holzermayr Rosenfield. 1ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2020. 320p.

 

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