Vai fazer dois meses que estou isolada. Dizer que os dias se arrastam e só fico pensando em terminar o retiro não é verdade. Pensei que me sobraria tempo para ler, escrever, fazer algum trabalho manual, mas que nada. Os dias voam do mesmo jeito de antes. Mal termino as arrumações do café da manhã e do quarto, e o banho, vou olhar, e o relógio está chegando às onze horas.
É quando começo a escrever esta crônica.
Assuntos não faltam, pois ao contrário de uma ilha deserta, estou conectada com familiares, amigos, conhecidos e o que está acontecendo por este mundo de Deus.
Hoje, numa mensagem, uma amiga me parabenizou: Caçapava sem casos de coronavírus. Em resposta, elogiei nosso Prefeito que está levando as recomendações de Mandetta a sério.
Mas lá em Marau os casos positivos estão sendo alarmantes, em proporção ao número de habitantes. Lembro muitos conterrâneos nossos que foram tentar um emprego naquela cidade que aposta na indústria.
Está na hora de o nosso governo, que centraliza os recursos, abrir mão de sua Receita em favor do povo brasileiro. Se não fosse o SUS, coitados dos pobres autônomos, desempregados, moradores de favelas ou de rua! Nos Estados Unidos, a nação mais poderosa do mundo, esse serviço não existe. Nos filmes americanos dá para ver os problemas dos doentes que, para terem acesso a hospitais e tratamentos, precisam manter um plano de saúde particular.
Nossos problemas são outros. O Erário Público deve estar cheio, pois nossos impostos não param de nutri-lo. Entretanto, como é difícil aos portadores das chaves destinarem recursos em favor dos deserdados que são a maioria dos brasileiros. Pressionados, decretaram esse auxílio de seiscentos reais para os enquadrados no caso e facilitaram o fornecimento do CPF aos que viviam sem esse documento. E agora chegou o momento de receberem esse bônus, mas por via on-line. Para não enfrentarem as filas quilométricas à frente das agências bancárias. Tudo bem, são medidas que os protegem contra a contaminação desse terrível inimigo.
Entretanto, fico pensando nas dificuldades da maioria dessa população para operar as maquininhas engenhosas de nossa era. É preciso ter o celular, ou de empréstimo, saber seu funcionamento e acertar dados, senha, envio, etc.
Eu mesma tentei em vão pagar um boleto, em vez de ir ao Banco, mas a danada da linha vermelha do aplicativo não passou nunca ao verde esperado. Sigo todas as instruções da Suzete, minha querida monitora, mas o milagre não acontece. Falha minha ou do sistema?
Enquanto os responsáveis pela saúde e bem-estar dos brasileiros não entrarem em entendimento sobre as medidas acertadas para erradicar esse malvado Covid-19, nós aqui continuamos solidários, confiantes e esperando que novos dias virão. Com as bênçãos de Deus, isso tudo VAI PASSAR.